Há políticos que falam para agradar a plateia, e há aqueles que falam para mudar o rumo das coisas. Lula pertence ao segundo grupo. Sua recente fala sobre o diálogo com o ex-presidente norte-americano Donald Trump é um retrato nítido de como se comporta um líder que entende a dimensão do cargo que ocupa e o peso de cada gesto que faz ecoar pelo mundo.

O tom foi diplomático, o conteúdo firme e o resultado, político. Lula não tratou o episódio como disputa ideológica, mas como uma oportunidade de reconstruir pontes entre dois países que, por diferentes caminhos, representam pilares da democracia ocidental. Ao se referir aos Estados Unidos como parceiro e defender que as duas nações deem exemplo de diálogo e equilíbrio, o presidente mostrou que compreende algo essencial: as relações internacionais não se movem por paixão, mas por razão e estratégia.
É impressionante a diferença de postura entre o atual presidente e o seu antecessor. Enquanto o extremismo de Jair Bolsonaro isolou o Brasil, transformando divergências em brigas e gestos diplomáticos em provocações, Lula demonstra que saber ouvir é tão importante quanto saber falar. O que para muitos pareceria impossível, uma conversa respeitosa com Trump – ele transformou em ato político de grandeza.
Lula tem suas falhas, e ninguém precisa concordar com todas as suas decisões. Mas é inegável que ele possui uma habilidade rara de conduzir crises e reverter situações complexas com serenidade. É o tipo de liderança que entende o valor simbólico de uma mesa de negociação e que sabe que o diálogo, quando feito com inteligência, é uma ferramenta de poder.
A política, em tempos de tanto ódio e ruído, precisa de figuras capazes de conversar sem abaixar a cabeça e de discordar sem romper pontes. Lula mostrou que ainda é esse maestro, alguém que compreende o compasso da história e tem sensibilidade suficiente para reger, mesmo em meio à dissonância, uma sinfonia de diplomacia e pragmatismo.
Por: Napoleão Soares