A política paraibana já conheceu muitos vices. Alguns discretos, outros barulhentos, outros ainda que se transformaram em adversários dos próprios titulares. Mas João Pessoa teve, nos últimos quatro anos, um vice de luxo: Leo Bezerra.
Leo nunca foi problema para Cícero Lucena. Ao contrário, foi parceiro leal, silencioso quando precisava, presente quando era chamado. Em várias ocasiões assumiu a prefeitura sem causar alarde, tocou a máquina com serenidade e devolveu a cadeira sem qualquer constrangimento. Isso, por si só, já é um diferencial na vida pública.
Mesmo jovem, Leo atingiu uma autoridade política que muitos veteranos não alcançam: saber a hora de entrar e a hora de sair. Essa habilidade de atuar sem sobressaltos, somada ao perfil conciliador e ao diálogo fácil, construiu em torno dele uma imagem de pacato articulador, alguém que prefere o entendimento ao confronto.
Não se trata apenas de um vice que cumpriu sua missão. Agora, com a saída de Cícero do PP para disputar o Governo da Paraíba, Leo será alçado ao posto de prefeito de João Pessoa em abril de 2026. Será, de fato, um prêmio, a coroação de uma trajetória iniciada como vereador, ancorada numa família tradicional da política, mas temperada por um estilo pessoal que nunca apostou no radicalismo.
O curioso é que, em uma eleição que só acontece em outubro de 2026, João Pessoa já tem garantido seu prefeito até o fim do mandato. Serão 2 anos e 9 meses para mostrar à cidade se o vice discreto será também o prefeito capaz de imprimir sua marca. Mais do que um mandato tampão, é a oportunidade de transformar a imagem de “vice de luxo” em gestor reconhecido.
A política tem dessas ironias: enquanto muitos disputam a ferro e fogo uma cadeira, Leo Bezerra recebe, pela via da confiança e da lealdade, o seu primeiro grande prêmio político.
Por: Napoleão Soares







