“Dependência” é um termo que admite várias acepções e que se pode usar para mencionar uma relação de origem ou de união, a subordinação a uma potência superior ou a situação de um sujeito que não está em condições de se desenvencilhar por si mesmo.
Grande parte da população paraibana tem dificuldades em diversas áreas como: saúde com dados alarmantes de mortalidade infantil e falta de médicos em mais de 50% dos municípios, moradia, com déficit habitacional de 160 mil casas e principalmente educação, que segundo dados do IBGE, o estado ocupa o 3º lugar em analfabetismo, com 25,3% da população sem saber ler.
Todos esses dados anteriormente citados, juntamente com falta de geração de emprego e renda, indústrias e interesse das classes políticas, geram um dos grandes problemas do nosso Brasil, do nosso estado e da região do Vale do Mamanguape, no qual a grande maioria da população vive um processo de “escravidão”, submissão e total dependência política. Desde épocas mais antigas como a república velha, até os dias atuais, grande parte da população, ainda vivem dias do chamado voto de “cabresto”, cujos chefes políticos locais (municipais), regionais (estaduais) e federal (o governo central), controlavam o voto da população por meio de barganhas (troca de favores), e muitas vezes por meio da violência. Trazendo para atualidade, e dando ênfase maior à região do litoral norte paraibano em que habito, nada mudou, entra política, termina política e mudam apenas os nomes, as velhas práticas continuam as mesmas.
Nas 12 cidades do vale durante o período eleitoral, os eleitores são obrigados a participarem de carreatas, passeatas, reuniões, comícios, adesivarem seus veículos e as disputas se tornam uma verdadeira “Guerra Fria”, onde ninguém quer perder. A meu ver tudo isso acontece pela total dependência do setor público e muitas vezes até brinco dizendo: “Quem está fora quer entrar e quem está dentro não quer sair”.
Por inúmeros momentos perco até meu sono e penitencio-me, pois, me incluo entre os integrantes dessa suposta “dependência” – que na realidade está mais para sobrevivência – e confesso que votei ou fui influenciador de votos sem minha autocrítica efetiva, deixando de lado qualquer caráter ideológico.
Nos últimos tempos, tenho procurado errar menos, amadurecer, agir pela razão, mas reconheço que cometi equívocos e não foram poucos. A começar pela inclinação para votar naqueles que gosto, mesmo sabendo que este não é, definitivamente, o melhor critério.
Por Napoleão Soares
Professor, pós-graduado em Ciências Ambientais, História do Brasil e Comunicação e Marketing Político, com atuação na administração pública estadual e municipal. Durante sua trajetória, passou pelo Exército Brasileiro como Oficial da Reserva, foi estagiário do Banco do Brasil e Assessor Político. Atualmente é editor chefe do blogchicosoares.com, correspondente político de diversos portais de João Pessoa e apresenta os programas radiofônicos Capim Debate e Atualidades Políticas na região do litoral norte paraibano.
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