O ex-governador Ricardo Coutinho voltou a ser protagonista no debate político paraibano. Sua participação no programa Frente a Frente, da TV Arapuan, na última segunda-feira (6), foi uma das mais consistentes dos últimos tempos. Sereno, estratégico e com discurso afinado, Ricardo mostrou que segue sendo uma das figuras mais influentes da política estadual e que aprendeu a lidar com o tempo, as derrotas, com os aliados e com a própria história.

Durante a entrevista, o ex-governador revelou três pontos que merecem atenção. O primeiro foi o conselho dado a Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, para que deixe o Republicanos se realmente quiser ser candidato ao governo com apoio do PT e do presidente Lula. A fala, direta e sem rodeios, mostra a clareza com que Ricardo enxerga o tabuleiro político: quem deseja disputar o poder precisa estar disposto a assumir posições, mesmo que isso signifique romper com zonas de conforto partidárias.
O segundo destaque foi a resposta sobre uma eventual candidatura ao governo em 2030. Ricardo afirmou que pretende disputar uma vaga na Câmara Federal, mas admitiu não poder dizer que “dessa água não beberá”. A declaração soa menos como ambição e mais como realismo político. Quem conhece a trajetória de Ricardo sabe que ele não foge de desafios e deixar essa porta entreaberta apenas reforça sua disposição de seguir contribuindo com a política paraibana.
Por fim, chamou atenção a afirmação de que votará em quem o presidente Lula escolher para governador da Paraíba, seja Cícero Lucena, seja Lucas Ribeiro. O gesto, vindo de alguém que já travou duros embates com Cícero, é simbólico. Mostra desprendimento e maturidade, características que poucos líderes conseguem cultivar depois de tantos enfrentamentos.
Ricardo Coutinho parece, enfim, viver uma nova fase, mais ponderado, mais estratégico e consciente do papel que ainda pode desempenhar na reconstrução de pontes e no fortalecimento de um projeto político que dialogue com o Brasil de Lula. Seu retorno ao centro das discussões é um lembrete de que a política, quando guiada por convicção e experiência, pode ser também um caminho de reconciliação e de aprendizado.
Por: Napoleão Soares