O juiz apita e autoriza a cobrança do escanteio. O jogador olha para a pequena área e chuta. A bola faz uma curva inacreditável – e cai direto dentro do gol adversário. A torcida vai à loucura.
Esse lance é tão especial (e raro) no futebol que tem nome próprio: gol olímpico. Mas de onde vem a expressão? Tem a ver com as Olimpíadas?
Mais ou menos.
Tudo começa com os Jogos Olímpicos de 1924, em Paris (que voltará a sediar o torneio em 2024, 100 anos depois). Na época, os Jogos eram a principal competição de futebol no planeta (a Copa só nasceu em 1930). E quem ganhou o torneio foi o Uruguai, que marcou 3 a 0 contra a Suíça na final. A partir daí, a equipe ficou conhecida como “celeste olímpica” (por causa da cor das camisas e do feito dos jogadores).
Um mês após a conquista, rolou um amistoso entre Uruguai e Argentina em Buenos Aires. Aos 15 minutos de jogo, o argentino Cesáreo Onzari cobrou um escanteio que foi direto para a rede do Uruguai, sem que nenhum outro jogador tocasse na bola.
Era a primeira vez que isso acontecia. Alguns meses antes, inclusive, fazer um gol direto de uma cobrança de escanteio não era só improvável como também ilegal. A possibilidade só surgiu em junho de 1924, graças a uma alteração da International Football Association Board – órgão criado em 1883 e que regulamenta as regras do futebol internacional.
O gol inacreditável de Onzari colaborou para a vitória dos hermanos, que bateram os então campeões mundiais por 2 a 1. O feito apareceu nos jornais locais como “o gol de Onzari contra os Olímpicos”, mas eventualmente o gol do argentino ficou conhecido apenas como “gol olímpico”.
E depois?
O gol olímpico só apareceu nos Jogos Olímpicos bem depois: nos de 2012, em Londres. Quem marcou foi a atleta Megan Rapinoe, da seleção feminina de futebol dos Estados Unidos, em um jogo contra o Canadá que terminou 4 a 3 para os EUA. O resultado levou a seleção americana à final contra o Japão, da qual saíram vencedoras.
Mas Megan não parou por aí. Ela também fez o segundo gol olímpico dos Jogos Olímpicos, em Tóquio 2020. Na ocasião, a seleção americana disputava a medalha de bronze contra a Austrália – e venceu também por 4 a 3.
O gol olímpico é ainda mais raro quando o assunto é Copa do Mundo. Segundo a FIFA, ele só apareceu uma vez no campeonato. Era o início da Copa de 1962, no Chile. Quem marcou foi o colombiano Marcos Coll, que ajudou sua seleção a alcançar um empate (4 x 4) contra a União Soviética.
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