O presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), José Inácio, se pronunciou sobre o atual momento de dificuldades enfrentado pelo setor sucroenergético, marcado pela queda nos preços e pela baixa remuneração. Apesar do cenário adverso, ele destacou a importância de manter a produtividade e se mostrou otimista com a possibilidade de melhora no mercado a partir de novembro.

“Esse da cana tá ruim. Faz muito tempo e cana é altos e baixos, todo mundo sabe. São 500 anos de história e o gráfico não é constante. Esse ano tá difícil, mas nós já passamos por outras dificuldades. Essa não é a única, nem será a última. Quando o negócio tá muito ruim, é porque vai melhorar”, declarou.
Esperança de equalização e articulação política
José Inácio lembrou que a Asplan, junto a parlamentares e ao setor, pleiteia a equalização de R$ 12 ao Governo Federal como forma de aliviar as perdas causadas pela tarifa norte-americana sobre o açúcar brasileiro. Segundo ele, essa taxação prejudicou diretamente o setor.
“O Brasil não pode querer manter uma guerra comercial com os Estados Unidos. Toda vez o Brasil vai perder. Quem paga a conta é o contribuinte e o produtor. Estamos tentando R$ 12 de equalização única e exclusivamente por causa dessa questão da conta americana. Temos o apoio do presidente da Câmara, Hugo Motta, do senador Veneziano, do senador Efraim e até do próprio vice-presidente Geraldo Alckmin, que tem mostrado interesse total”, afirmou.
Crise geral na economia
O dirigente também relacionou as dificuldades da cana com o contexto econômico mais amplo. Ele citou o fechamento de lojas em João Pessoa e a retração na indústria como sinais de que o problema não se restringe ao setor sucroenergético.
“A economia como um todo está difícil. Mas é preciso manter a esperança, reduzir custos, buscar tecnologias mais baratas e, sobretudo, não perder produtividade. Se a gente não conseguir manter a cana em pé, quando o preço melhorar não teremos como aproveitar o momento”, disse.
Perspectivas para novembro
José Inácio afirmou que a expectativa de recuperação dos preços se baseia na perspectiva de uma safra menor em São Paulo e na redução da oferta internacional, incluindo da Índia, o que pode reaquecer o mercado.
“A fábrica de São Paulo está terminando com números mais baixos. O ATR está mais baixo e a oferta de açúcar menor. Isso gera esperança de que, a partir de novembro, os preços possam reagir. Também temos sinalizações do mercado externo que apontam para uma possível alta. Vamos torcer para que isso aconteça”, avaliou.
Apesar das dificuldades, o presidente da Asplan reforçou o tom de otimismo, lembrando que o setor já enfrentou outras crises e sempre se reergueu. “A cana continua viva. O recado é de equilíbrio, perseverança e esperança. Vamos cuidar das canas e esperar dias melhores”, concluiu.
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Por: Napoleão Soares