O ministro Edson Fachin toma posse nesta segunda-feira (29) como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) para o biênio 2025-2027, levantando expectativas entre aliados de Jair Bolsonaro e de Lula sobre sua gestão.

Entre lideranças políticas ligadas a Jair Bolsonaro, existe um certo otimismo de que a relação pode ser melhor do que aquela cultivada com Luís Roberto Barroso à frente do tribunal. A avaliação é que o fato de Fachin ter um perfil discreto e avesso a emitir opiniões públicas pode abrir espaço para “melhorar o ambiente” entre as duas partes.
Congressistas de direita alinhados ao ex-presidente apontam que, nos dois anos em que Fachin ocupou a vice-presidência do STF, não fez afirmações polêmicas e seguiu o estilo de se pronunciar majoritariamente nos processos. A expectativa desse grupo é que ele continue sem emitir opiniões pessoais e não atue como um porta-voz do Poder Judiciário.
Parlamentares e interlocutores de Bolsonaro procuraram aproximação com Fachin, nos últimos tempos, para entender como se dará o diálogo com o novo presidente da corte e sondar como ele se posicionaria em uma eventual judicialização da anistia. Como informou a coluna, os sinais recebidos foram de que o diálogo com a classe política deve ser encabeçado por Alexandre de Moraes, que assume o posto de vice-presidente do tribunal. A notícia foi um banho de água fria nos bolsonaristas, que acreditavam na possibilidade de abrir um canal direto com Fachin.
Mesmo assim, existe a avaliação de que Fachin assume a presidência do STF em um ambiente de menos conflito do que o de Barroso. Eles apontam frases proferidas pelo magistrado, como “perdeu, mané” e “nós derrotamos o bolsonarismo”, que acirraram os ânimos com a base do ex-presidente. Essas falas de Barroso ocorreram depois que ele e integrantes do STF foram atacados.
Entre integrantes do governo Lula, a aposta é que Fachin seguirá o perfil discreto e contido, mas que não recuará na linha de defesa da democracia e do STF adotada por Barroso. Eles acreditam que o novo presidente do STF adotará uma postura similar à que teve em 2022, quando estava à frente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na ocasião, Fachin foi firme na defesa das urnas eletrônicas e da lisura do sistema eleitoral, mesmo sob ataques do então presidente Jair Bolsonaro e da pressão do Ministério da Defesa para intervir no processo.
Os governistas lembram que Fachin se posicionou majoritariamente nos autos, mas sempre com firmeza e nunca deixou de responder a ataques infundados às urnas e ao TSE.
Eles ainda destacam que uma das poucas manifestações que o novo presidente do STF fez em meio à pressão dos Estados Unidos para interferir no Judiciário brasileiro foi a defesa de Alexandre de Moraes sobre a aplicação da Lei Magnitsky. Em um debate realizado pela Fundação Fernando Henrique Cardoso, em agosto, o magistrado disse que a punição se trata de uma “interferência indevida” e uma “ameaça”, mas que o país não deve se assombrar com “ventos vindos do norte”.
Entre os principais desafios que Fachin enfrentará nos próximos dois anos estão a conclusão do julgamento da trama golpista que condenou Jair Bolsonaro e aliados, além da eleição presidencial de 2026.
O Globo