A declaração do presidente Lula sobre o processo eleitoral na Venezuela trouxe à tona uma série de preocupações e questionamentos. Durante uma entrevista, Lula afirmou que “só resta à oposição entrar na justiça na Venezuela para contestar o resultado”. Mas, qual justiça? Na Venezuela, todos os poderes estão corrompidos e vendidos à ditadura de Maduro. O exército controla totalmente o judiciário, as urnas eleitorais estão sob controle total do governo, as estatais e as televisões também estão sob controle total do governo. Como é que Lula pode sugerir que a oposição confie na justiça de um regime que claramente manipula todas as instituições para manter-se no poder?
A fala de Lula minimiza a gravidade da situação na Venezuela, onde a cúpula da justiça é inteiramente chavista e ligada ao ditador Nicolás Maduro. Lá, a democracia é uma farsa. A oposição é impedida de acompanhar a apuração dos votos, e opositores do regime são presos por protestar contra os resultados. A nota do PT, que reconhece a vitória de Maduro, foi usada pelo chanceler da Venezuela para agradecer o reconhecimento do partido no poder no Brasil. Isso mostra como o governo brasileiro está, de certa forma, endossando um processo eleitoral claramente fraudulento.
A declaração de Lula de que “não tem nada de grave, não tem nada assustador” acontecendo na Venezuela é extremamente preocupante. Ele parece estar relativizando os abusos e a repressão que ocorrem no país vizinho. Lula sugere que há uma simples discordância entre situação e oposição, que pode ser resolvida na justiça. No entanto, isso ignora o fato de que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela não é um órgão imparcial, mas um apêndice da ditadura bolivariana.
Além de prejudicar a imagem do Brasil no cenário internacional, a postura de Lula pode ter consequências internas. Ao equiparar o CNE venezuelano a instituições autônomas que zelam pelas eleições, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro, Lula alimenta teorias da conspiração sobre a legitimidade das eleições no Brasil. Embora o TSE tenha seus defeitos, manipular resultados eleitorais não está entre eles. Nenhum processo de votação no Brasil foi mais escrutinado do que o de 2022, e jamais se conseguiu demonstrar qualquer irregularidade significativa.
A declaração de Lula sobre a Venezuela não apenas desrespeita a luta do povo venezuelano por democracia, mas também põe em risco a credibilidade das instituições eleitorais brasileiras. Em sua tentativa de proteger Maduro, Lula se torna cúmplice de uma ditadura cruel, que deixa seu povo cada vez mais miserável e desesperançado. É hora de o presidente brasileiro adotar uma postura mais crítica e responsável, reconhecendo as atrocidades cometidas pelo regime de Maduro e defendendo, de fato, a democracia e os direitos humanos.
Por: Napoleão Soares