A reeleição de Ednaldo Rodrigues para a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) levanta questões fundamentais sobre representatividade e democracia no futebol brasileiro. O Senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) trouxe à tona uma crítica pertinente: a ausência de mulheres na direção da entidade, contradizendo o próprio lema da chapa vencedora, intitulada “Por um Futebol Mais Inclusivo e Sem Discriminação de Qualquer Natureza”.
A incongruência é evidente. Em pleno mês dedicado às mulheres, a CBF ignorou completamente a necessidade de maior inclusão feminina, mantendo sua estrutura dominada exclusivamente por homens. Como bem pontuou Veneziano, não há uma única mulher na diretoria, uma falha gritante para uma entidade que deveria ser um reflexo do futebol brasileiro, jogado e amado por homens e mulheres.
O problema, contudo, vai além da ausência feminina. A CBF perpetua um sistema fechado, que inviabiliza a concorrência e impede qualquer mudança real. O ex-jogador Ronaldo Fenômeno manifestou interesse em disputar a presidência da entidade, mas esbarrou em um sistema altamente burocratizado e dominado por uma estrutura de poder solidificada, que impede qualquer candidatura viável fora do grupo hegemônico.
O modelo eleitoral da CBF é um verdadeiro cartório do futebol, onde clubes e federações estaduais formam um colégio eleitoral que favorece os mesmos grupos de sempre. O resultado é uma entidade que se fecha em si mesma, resistindo a ventos de mudança e ignorando demandas urgentes do futebol nacional. Não é à toa que Veneziano apontou que a CBF continua “sendo a mesma de sempre”.
Enquanto federações estaduais como a da Paraíba demonstram que a participação feminina é possível e benéfica para o futebol, a CBF segue engessada em uma estrutura antiquada. A presidente da Federação Paraibana de Futebol, Michelle Ramalho, é um exemplo de liderança que poderia inspirar a entidade nacional a abrir espaço para novas perspectivas e para uma administração mais plural.
O questionamento levantado por Veneziano não é apenas sobre gênero, mas sobre a necessidade de oxigenação e democratização no futebol brasileiro. Sem a possibilidade de concorrência real nas eleições da CBF e sem uma estrutura que reflita a diversidade do futebol nacional, continuaremos vendo uma entidade distante da realidade do esporte e alheia às mudanças que o futebol e a sociedade exigem. O Brasil merece uma CBF que, de fato, pratique o que prega.
Por: Napoleão Soares