A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), em conjunto com a Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), realizou, na tarde da última quinta-feira (21), sessão especial pra debater o fim da jornada de seis dias de trabalho para um dia de descanso (jornada 6×1). A solenidade reuniu representantes de sindicatos ligados aos trabalhadores e foi proposta, na CMJP, pelo vereador Marcos Henriques (PT), e na ALPB, pela deputada estadual Cida Ramos (PT).
O vereador falou sobre a importância de debater o assunto com as duas Casas Legislativas. “Esse debate está na ordem do dia e não é um debate novo, é antigo. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), por muitas vezes, tentou debater com o Congresso Nacional uma PEC para reduzir a jornada de trabalho. Só que agora o mundo do trabalho mudou, as tecnologias mudaram e o trabalhador que tem uma carga horária de 44 horas semanais está perdendo, sobretudo, a sua qualidade de vida e a capacidade de estar com a família. Esse tipo de jornada, principalmente quando atribuída a uma mulher, que já possui uma tripla jornada, prejudica ainda mais a qualidade de vida. É preciso fazer esse debate, não só com o trabalhador, mas com o patrão e o governo. Essa comissão precisa existir para que nós achemos uma equação para reduzir a carga de trabalho, a escala e oferecer uma qualidade de vida melhor ao povo”, afirmou.
Marcos Henriques defendeu que a mudança de escala não vai prejudicar os patrões. “Estamos falando de 30 milhões de trabalhadores, e existem muitas especificidades. Há áreas que irão se beneficiar muito. Esse tipo de discussão precisa acontecer com todos os segmentos, oferendo jornadas de trabalho mais acessíveis e produtivas para a classe trabalhadora”, reforçou.
A outra autora da sessão, deputada estadual Cida Ramos (PT), disse que é fundamental levantar o debate. “Será o Congresso que definirá a redução da jornada de trabalho, apoiado por vereadores e deputados estaduais. Portanto, o nosso papel é o de fazer com que os parlamentares federais paraibanos votem na redução da jornada de trabalho. Atualmente nós temos quatro, e nós queremos os 12 nessa luta”, explicou.
A deputada reforçou que essa redução vem acontecendo no mundo inteiro. “Esses países já discutiram e implementaram a redução da jornada de trabalho, que permite que o trabalhador tenha mais tempo para a família. Alguém que trabalha oito horas por dia, gasta quatro horas para ir e vir não tem convívio com a família. Trabalha de segunda a sábado e só tem o domingo de folga. Então, não vai a uma reunião da escola do filho, não o acompanha no médico. Nós queremos usar a tecnologia em favor da classe trabalhadora também, porque nós temos uma classe trabalhadora adoecida, exausta e, do ponto de vista psicológico, mentalmente prejudicada. É hora de rever uma jornada que é do século passado. As coisas avançaram e precisam avançar para a classe trabalhadora também”, defendeu.
O vereador Renato Martins (Avante) pontuou que a luta pelo fim da jornada 6×1 coloca, de novo, no debate da luta de classe aquilo que é decisivo para mobilizar as pessoas, o fim do velho e famoso marketing político, de quem vai administrar a crise do capitalismo. “Para mais do que isso, o conjunto do capital, da renda, da produção e do PIB é que é a grande batalha”, colocou.
Pedro Matias, secretário da juventude, defendeu que é preciso discutir o tema da jornada 6×1 por duas frentes. “Escala discutida de forma desmembrada de jornada de trabalho. São duas coisas totalmente diferentes e às vezes as pessoas confundem as especificidades de cada questão”, lembrou.
“Nós temos uma pauta muito importante, e cabe a cada um de nós organizar a luta de massa, porque só com a luta de militância nós não vamos vencer essa batalha”, ratificou Franklyn Barbosa, presidente do Sintab de Campina Grande.
Participaram ainda da sessão especial David Lobão, coordenador geral do SINASEFE; Túlio Campos, presidente do PT de João Pessoa; Francisco Freitas, coordenador geral do Sintefe – PB; Rogério Braz – presidente do Sindicato dos Bancários e Comerciários; José Honorato, representante do Sindicato Hoteleiro; Lourdes Sarmento, representante do PCO, entre outros.