A política de Marí pode estar prestes a entrar em um capítulo turbulento. A articulação para a cassação da prefeita Lucinha da Saúde, antes mesmo de completar 90 dias no cargo, levanta questionamentos sobre as verdadeiras intenções por trás desse movimento. A Câmara Municipal está cumprindo seu papel de fiscalização ou se tornando palco de uma disputa de poder entre grupos políticos?
Nos bastidores, comenta-se que o grupo de vereadores conhecido como G6, que controla a Mesa Diretora da Câmara, pode estar ganhando um novo integrante, formando um G7. No entanto, qualquer tentativa de cassação não poderá avançar sem o apoio de parlamentares ligados ao ex-prefeito Antônio Gomes – principal líder do grupo que elegeu Lucinha, mas que, desde então, demonstra insatisfação com sua sucessora.
O embate entre Antônio Gomes e Lucinha tornou-se evidente desde o início da gestão. O ex-prefeito, que governou Marí por oito anos sem nunca enfrentar um pedido de cassação, parece resistir à ideia de perder influência sobre a administração municipal. Diante disso, surge a pergunta: Lucinha está sendo alvo de um processo legítimo ou de uma retaliação por tentar governar com independência?
Historicamente, Marí nunca viveu uma situação como essa. Mesmo em momentos de denúncias e escândalos em governos anteriores, nunca houve uma movimentação tão rápida para afastar um prefeito. A situação se torna ainda mais peculiar ao se observar que a Câmara Municipal tem maioria feminina, e a segunda mulher eleita prefeita do município pode ser afastada justamente por um grupo de vereadoras.
Os vereadores que articulam essa cassação parecem não ter analisado as consequências de uma tentativa prematura de invalidar a vontade popular expressa nas urnas. A cidade pode mergulhar em um cenário de insegurança política e administrativa, dificultando a governabilidade para qualquer futuro gestor. Além disso, muitos parlamentares são de primeiro mandato e correm o risco de ficar marcados negativamente pelo eleitorado, que dificilmente esquecerá quem tentou desestabilizar a cidade antes mesmo de a nova gestão mostrar a que veio.
Outro fator relevante é o papel de Antônio Gomes nessa articulação. Sem o apoio de seu grupo político, a cassação não será possível, o que levanta suspeitas sobre a real motivação desse movimento. Estariam os vereadores do G6 sendo usados para atender a um projeto de poder ilegítimo?
Se essa tentativa de afastamento prosperar, Marí pode se tornar refém da instabilidade, onde prefeitos seriam derrubados conforme os interesses políticos da vez. Isso abriria um precedente perigoso para o município, tornando qualquer futuro gestor vulnerável ao mesmo destino.
Investigar irregularidades é um papel legítimo da Câmara, mas quando a fiscalização se torna seletiva e acelerada, a imparcialidade do processo é colocada em xeque. Lucinha pode enfrentar desafios e cometer erros em sua gestão, mas precisa de tempo para governar antes de ser considerada incapaz de permanecer no cargo.
A população de Marí precisa se perguntar: quem realmente ganha com essa cassação? Os vereadores envolvidos estão preocupados com o bem-estar do município ou apenas participam de um jogo político que pode custar caro para o futuro da cidade?