Ao menos 4 dos 12 estados que terão segundo turno podem sofrer viradas nas disputas para governador, aponta o Índice de Popularidade Digital (IPD), que mede o desempenho dos candidatos nas redes sociais.
Políticos que ficaram em segundo lugar na votação de 2 de outubro agora lideram, na reta final, os rankings de performance na internet no Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Sul, o que indica possibilidade de vitória.
O índice, calculado diariamente pela empresa Quaest e publicado pela Folha desde junho, foi criado para fazer esse tipo de previsão —diferentemente das pesquisas de intenção de voto realizadas por institutos como Datafolha e Ipec, que estimam como o eleitor pretende agir apenas no momento das entrevistas.
No primeiro turno, o indicador apresentou forte correlação com os resultados das urnas. A relação chegou a 99% na disputa presidencial e ficou acima de 82% em seis das sete eleições estaduais analisadas, com maior erro no Rio Grande do Sul.
Agora, os rankings de segundo turno mostram Carlos Manato (PL) à frente no Espírito Santo, após descolar do líder Renato Casagrande (PSB) em meados de outubro. Na Paraíba, Pedro Cunha Lima (PSDB) superou João Azevêdo (PSB) o mês todo, apesar de ter perdido nas urnas.
Em Pernambuco, a disputa nas redes sociais segue mais acirrada, com Raquel Lyra (PSDB) e Marília Arraes (Solidariedade), que venceu na primeira votação, se alternando no primeiro lugar. A tucana, porém, cresceu e registrou o melhor índice na última medição, na segunda-feira (24).
No Rio Grande do Sul, os resultados são ainda mais próximos, tornando a competição mais imprevisível. O bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL) liderou à distância desde o primeiro turno, mas foi ultrapassado nesta segunda pelo ex-governador Eduardo Leite (PSDB), ficando os dois agora colados.
Já em outros seis estados que vão decidir seus governantes no próximo domingo (30), os mais votados no primeiro turno são também os mais populares na internet. A análise não incluiu Rondônia e Sergipe, onde os dados foram insuficientes.
Consolidaram suas vantagens sobre os adversários durante todo o mês Paulo Dantas (MDB), em Alagoas; Jerônimo Rodrigues (PT), na Bahia; Capitão Contar (PRTB), em Mato Grosso do Sul; Jorginho Mello (PL), em Santa Catarina; e Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo.
O Amazonas foi o único desses locais que teve alternância na liderança no período. Wilson Lima (União Brasil), que recebeu mais que o dobro de votos de Eduardo Braga (MDB) no primeiro turno, chegou a ser ultrapassado pelo rival em dois períodos no IPD, mas ainda lidera.
O histórico das eleições para governador aponta que 19 das 85 das disputas que foram para segundo turno desde 1998 tiveram viradas (22%). Na corrida presidencial, isso nunca ocorreu.
Apenas 7 dos que venceram na primeira votação e perderam na segunda haviam recebido mais de 45% dos votos no primeiro turno. Desses, só 2 tinham adversários que registraram menos que 45% dos votos no primeiro turno.
O Índice de Popularidade Digital vai de 0 a 100 e é calculado desde 2018 pela Quaest, por meio de um algoritmo de inteligência artificial que coleta e processa 152 variáveis dos sites Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, Wikipedia e Google.
São monitoradas seis dimensões: presença digital (perfis ativos), fama (número de seguidores), engajamento (comentários e curtidas), mobilização (compartilhamentos), valência (proporção de reações positivas e negativas) e interesse (volume de buscas).
O peso que cada dimensão terá na conta é determinado por um modelo assimilado pela máquina a partir dos resultados reais de eleições anteriores, com milhares de candidaturas monitoradas pela empresa.
UOL