Os poucos que possuem um Chevrolet Camaro SS 2010 na garagem, que custava R$ 185 mil no lançamento, se deram bem: 12 anos depois, o carro ainda vale R$ 178.773,00, de acordo com a Tabela Fipe. Mas tem gente querendo se sair ainda melhor: nesta terça-feira (20), a Receita Federal está leiloando o modelo com lance inicial de R$ 80 mil.
Além do Camaro, outros 22 lotes de mercadorias apreendidas pela Receita Federal serão leiloadas hoje. Os produtos estão localizados em Salvador (BA) e Aracaju (SE), mas podem ser arrematados virtualmente.
O pregão esteve aberto para lances até segunda-feira e recebeu ofertas de todo o Brasil. Além do Camaro, equipado com um motor V8 de 6,2 litros que entrega 406 cavalos de potência, outros lotes chamam a atenção.
Um deles é o pacote com 121 unidades da moto Jonny Racer 150 cc ano 2012 por R$ 210 mil. Só é possível comprar o lote completo, mas cada uma sai por R$ 1.735 no lance inicial – na Tabela Fipe, o preço estimado é de R$ 3.454. Também há caminhões baú a partir de R$ 38 mil e scooter elétrica por R$ 4 mil, além de itens de outros segmentos como eletrônicos e informática.
Vale a pena encarar uma pechincha?
Saber que existe uma alternativa para pagar menos de 50% do que um veículo vale na Tabela Fipe parece mágica. Há quem veja nos leilões uma excelente alternativa para a compra de veículos mais baratos. Por outro lado, algumas pessoas preferem a facilidade de fechar negócio em uma revenda.
Para o leiloeiro da Picelli Leilões, Joel Picelli, existe muito preconceito em torno dessa modalidade de negócio, mas os leilões possuem suas vantagens.
“Acredito no leilão como uma ferramenta muito honesta de preço. Em uma concessionária, mesmo que o carro não seja vendido, o preço sobe todo mês. No leilão a lógica é diferente: se ele vai para um pregão e não há interessados, no próximo o lance mínimo será mais baixo”. O leiloeiro também informa que é possível comprar veículo com valores até 30% inferiores ao da Tabela Fipe.
Sem embaraço
Para comprar veículos com tranquilidade e sem dores de cabeças futuras, Picelli dá duas dicas: verificar a origem do automóvel e ler o edital com máxima atenção. Sobre a origem do automóvel, ele explica que podem existir várias: veículo de coleção, de bancos – quando o bem é retomado de um cliente que não efetua o pagamento do empréstimo -, de empresas que estão se desfazendo da frota, órgãos públicos, disputas judiciais e seguradoras, ou seja, carros que se envolveram em sinistros. Entre esses, os que mais precisam de atenção são os dois últimos.
“Para quem não é habituado a participar de pregões, melhor não optar pelo leilão judicial. Porque, nesse caso, a forma de regularização e transferência do veículo para o nome do novo dono se dá através da via judicial e não da administrativa, como nas outras ocasiões. Para isso, é preciso ter um advogado e passar por outras burocracias”, esclarece o leiloeiro.
Já os modelos de leilões realizados por seguradoras são, geralmente, aqueles recuperados de roubo e furto, ou que passaram por outros sinistros. Por isso, neste tipo de leilão, a chance de encontrar danos nos veículos é maior. A recomendação, em qualquer caso, é visitar o veículo no pátio. Não será possível dirigir, mas dá para se resguardar levando um mecânico de confiança para avaliar os danos.
O interessado em arrematar um veículo também deve ter máxima atenção ao edital do leilão. É nesse documento que estarão todas as regras do jogo, como taxas que devem ser pagas além do lance, se será necessário, por exemplo, quitar parcelas do IPVA em atraso, os danos do veículo e se o novo proprietário terá direito a garantia.
Outro detalhe: a partir do momento em que se faz um lance, pode não ser possível desfazer o negócio e o pagamento deve ser feito à vista. No caso da Receita Federal, a multa é de 20% do valor inicial. Por isso, atenção!
Desvantagens
Para a RZI Corretoras de Seguros, também é preciso ponderar as desvantagens do negócio. “Isso porque a compra do automóvel é cercada de desconfiança, especialmente devido às possíveis avarias que o veículo pode apresentar. E por essa desconfiança, há uma depreciação maior que faz com que a revenda do veículo possa ser dificultada no futuro, já que lojistas, por exemplo, evitam fazer esse tipo de compra”, alerta.
Além disso, segundo a corretora, outra desvantagem de comprar carros de leilão está relacionada ao seguro. “Para veículos adquiridos desta maneira, é comum encontrar seguradoras que não aceitem realizar a cobertura. Ainda assim, se aceitam, o mais provável é que haja uma elevação no preço do seguro. Afinal, pode se tratar de um automóvel já sinistrado e que tenha defeitos desconhecidos.”
Já a Proteste, associação de consumidores, alega que as seguradoras não podem simplesmente negar uma cobertura sem ao menos passar por uma vistoria técnica para a verificação da estrutura do carro.
“Com base no artigo 39, IX, do Código de defesa do consumidor, a recusa do serviço neste caso, não poderá ocorrer a quem se disponha a adquiri-los. A seguradora tem a obrigação de justificar de forma plausível e não devaneia qual o motivo de não aceitar o risco. Outro fato importante é que a seguradora jamais poderá cobrar valores irregulares apenas porque o carro foi adquirido em leilão”, alerta.
Uol