É lamentável que, em pleno 2025, precisemos lidar com declarações tão infelizes e retrógradas como a de Paulinho Freire, prefeito de Natal (RN). A fala de que “João Pessoa voltará a ser curral de Natal” não é apenas um desserviço à relação entre duas cidades irmãs, mas também um triste reflexo da máxima mediocridade que ainda permeia a política brasileira.
É curioso observar como a declaração veio em um momento de ascensão de João Pessoa no cenário turístico e econômico, fruto de anos de planejamento e trabalho. A capital paraibana, com suas praias paradisíacas, seu centro histórico rico em cultura e sua infraestrutura moderna, tornou-se um dos destinos mais procurados do Brasil e do mundo. A cidade, que por décadas sofreu com a falta de políticas públicas eficazes, hoje é exemplo de gestão e desenvolvimento. E parece que esse crescimento incomodou Paulinho Freire, que preferiu destilar inveja ao invés de buscar inspiração.
Não surpreende que o prefeito tenha tentado justificar sua fala como uma “brincadeira”. Esse é o expediente clássico de políticos que, ao se depararem com a repercussão negativa de suas palavras, tentam minimizar o dano com desculpas vazias. “Lamento a repercussão de um comentário – infeliz, reconheço – que nada mais foi do que a citação de uma graça entre amigos”, disse ele. Ora, senhores, desde quando uma declaração que diminui uma cidade inteira é uma “graça”?
Paulinho Freire carrega em sua bagagem política mais de três décadas de mandatos, indo de vereador a deputado federal, passando por vice-prefeito e agora prefeito. Com tamanha experiência, era de se esperar mais maturidade e responsabilidade. Mas o que vimos foi um discurso pequeno, incompatível com o cargo que ocupa.
É preciso ressaltar que a rivalidade entre João Pessoa e Natal é um artifício antiquado, usado por aqueles que não têm ideias para promover crescimento conjunto. As duas capitais, com suas peculiaridades e riquezas, têm muito a ganhar com colaboração, não com divisão. Enquanto João Pessoa avança, Natal parece estagnada, enfrentando desafios que incluem problemas de infraestrutura, falta de investimentos consistentes e uma economia que precisa de um choque de modernização. Talvez seja essa realidade que incomode tanto Paulinho Freire.
Não podemos aceitar que declarações tão desastrosas sejam normalizadas. Paulinho Freire tem uma chance de usar seu mandato para alavancar Natal, resgatando o protagonismo da cidade no cenário nacional. Mas, para isso, é necessário abandonar a mentalidade provinciana que reduz o debate público a provocações mesquinhas. Em vez de mirar sua vizinha com despeito, que tal mirar no exemplo e buscar soluções reais para os problemas de sua própria cidade?
João Pessoa não é curral de Natal. João Pessoa é uma cidade independente, pujante e acolhedora. E é exatamente por isso que não toleraremos retrocessos ou ofensas gratuitas, vindas de quem deveria estar ocupado demais em fazer sua própria cidade prosperar. Paulinho Freire, que coisa feia!
Por: Napoleão Soares