Recentemente, o Senado Federal anunciou a possibilidade de votar, ainda este ano, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa pôr fim à reeleição para cargos do Executivo, incluindo presidente, governador e prefeito. Esta proposta tem gerado um debate fervoroso no cenário político brasileiro, dividindo opiniões entre aqueles que defendem a continuidade da reeleição e os que acreditam que sua extinção pode trazer benefícios significativos para a administração pública e a democracia no país.
Pessoalmente, sou a favor do fim da reeleição. Ao longo dos anos, temos observado que muitos políticos, ao conquistarem um segundo mandato, tendem a se acomodar. A continuidade no poder, em muitos casos, transforma-se em uma ferramenta para a manutenção de interesses particulares, favorecendo não só a perpetuação no cargo, mas também o enriquecimento pessoal e familiar. Esta situação é especialmente preocupante em municípios onde a fiscalização é menos rigorosa e o controle social mais frágil.
É evidente que há exceções – políticos que mantêm um compromisso ético e trabalham arduamente em seus segundos mandatos. No entanto, a prevalência de casos de acomodação e corrupção sugere que a reeleição, como está configurada atualmente, pode não ser a melhor opção para garantir a eficiência e a integridade na gestão pública.
Além disso, a reeleição tem transformado a política em uma profissão para muitos, desviando o foco do serviço público para a carreira pessoal. A política deveria ser uma oportunidade para servir a comunidade e promover o bem comum, e não um meio de vida ou um caminho para o enriquecimento pessoal. Nesse contexto, o fim da reeleição poderia ajudar a resgatar o verdadeiro propósito da atividade política, priorizando o interesse coletivo sobre o individual.
A proposta do senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator da PEC, é de extrema relevância. Ele argumenta que a reeleição foi introduzida de maneira equivocada no Brasil, sem um teste prévio ou escalonamento. Segundo Castro, a experiência poderia ter sido feita gradualmente, iniciando com a presidência da República, seguida pelos governos estaduais e, posteriormente, pelas prefeituras. Esta falta de planejamento adequado, segundo ele, foi um erro grave do Congresso Nacional.
Outro ponto importante da proposta é o aumento do tempo de mandato dos políticos brasileiros. A PEC sugere que, em vez dos atuais quatro anos, o mandato passe a ser de cinco anos para a maioria dos cargos do Executivo, e de dez anos para senadores, que atualmente têm mandato de oito anos. Esta alteração visa proporcionar um período mais longo para a implementação de projetos de governo, superando as barreiras burocráticas e regulamentares que frequentemente impedem a realização de mudanças significativas em um mandato de apenas quatro anos.
Por: Napoleão Soares