Em tempos em que a política costuma ser feita de aparições calculadas, fotos ensaiadas e discursos milimetricamente planejados, há gestos que se destacam justamente pela sua naturalidade e coragem. O governador João Azevêdo mostrou isso no último sábado, quando decidiu ir pessoalmente ao local do rompimento do reservatório de Campina Grande, uma tragédia que vitimou uma idosa e causou prejuízos e traumas à população.
Enquanto muitos esperavam uma nota oficial, uma coletiva fria ou o silêncio protocolar, João fez o oposto, colocou o pé na lama, olhou nos olhos das pessoas atingidas e assumiu o papel que se espera de um líder. A política, afinal, não se faz apenas de anúncios e inaugurações. Ela também se mede na capacidade de estar presente quando tudo desaba – literalmente.
O gesto de João tem valor simbólico e prático, simbólico porque demonstra empatia e humanidade, prático porque o chefe do Executivo estadual, ao estar no epicentro do problema, pode compreender com mais precisão a dimensão do ocorrido e cobrar soluções imediatas. É assim que se constrói autoridade, não no gabinete, mas na rua, junto do povo.
Governar não é posar para fotos quando o cenário é favorável, é enfrentar a realidade, mesmo quando ela é dura, injusta e cruel. Ao comparecer a Campina Grande, João Azevêdo não buscou dividendos políticos, mas reafirmou um compromisso, o de não se esconder atrás de cargos, protocolos ou conveniências.
A história costuma julgar não apenas o que os líderes fazem, mas também o que deixam de fazer. A Rainha Elizabeth II, citada por Heron Cid em sua crônica, precisou de oito dias para visitar Aberfan. João, em contrapartida, reagiu de imediato. E, nesse contraste, se revela algo essencial: há líderes que esperam o momento certo para agir, e há os que simplesmente agem porque é o certo.
João Azevêdo, nesse episódio, mostrou que liderança não é sobre timing político, mas sobre caráter.
Por: Napoleão Soares







