A cerimônia do Novo PAC, em Brasília, produziu mais do que anúncios de obras: produziu um gesto político que pode moldar a eleição de 2026 na Paraíba. Ao olhar para João Azevêdo e afirmar que o governador “já está com cara de senador”, Lula fez algo raro: deu um aceno público, direto e visivelmente calculado, num ambiente nacional e diante de toda a classe política.

João respondeu de imediato, dizendo que, se o presidente o convocou, ele já se sente “escalado para ajudar o Brasil em qualquer posição”. Não é apenas cordialidade. É a confirmação de que ambos entendem o peso e o simbolismo daquele diálogo.
E há um elemento incontornável nessa história: na Paraíba, qualquer candidato ao Senado adoraria receber exatamente esse gesto de Lula. Nabor Wanderley, por exemplo, filho do presidente da Câmara, Hugo Mota, veria com ótimos olhos sua pré-candidatura ser ungida pelo presidente. Outros nomes do campo governista e até de partidos formalmente independentes também.
Com uma exceção óbvia: Marcelo Queiroga, cuja identidade política está amarrada ao bolsonarismo. Para ele, o aval de Lula seria não apenas improvável, mas incompatível com sua trajetória.
Para todos os demais, porém, esse aceno é ouro eleitoral.
É aí que o gesto de Lula para João Azevêdo ganha ainda mais força. Quando o presidente, em um palco nacional como o lançamento do Novo PAC, diz que o governador já parece senador, ele não está fazendo um elogio despretensioso. Está organizando o tabuleiro. Está mostrando preferência. Está sinalizando ao Brasil e à Paraíba que João é seu nome para 2026.
João, por sua vez, sai fortalecido: com dois mandatos consecutivos, uma imagem de gestor moderado e agora o apoio público do presidente, seu caminho rumo ao Senado se torna menos especulação e mais expectativa concreta.
A cena foi rápida. Mas política se faz também de símbolos, e esse símbolo, vindo de Lula, pesa muito.
A sintonia entre os dois não apenas antecipa 2026: ela começa a defini-lo.
Por: Napoleão Soares








