Se tem um lado certo na polêmica das fake news que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está mandando tirar do ar, sobretudo pela gravidade das acusações contra os dois candidatos, especialmente contra o petista Lula, esse lado é o do ministro Alexandre de Moraes, ele mesmo vítima pessoal de ataques dos bolsonaristas nesta reta final da campanha eleitoral. Nesta sexta-feira, inclusive, grupos bolsonaristas usaram as redes de whatsApp utilizando o logo-tipo desta ISTOÉ para estampar em uma suposta capa, fake, claro, com as imagens dos ministros Alexandre de Moraes, Luiz Roberto Barroso, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski (este último vice-presidente do TSE), desenhados com bigodinhos e cortes de cabelo idênticos aos de Hitler, no qual estimulam os seguidores de Bolsonaro “sentassem o dedo” na mídia social para espalhar as capas fakes da ISTOÉ, “para ver como os ministros se sentirão quando é com eles”. Um ataque vil.
“Senta o dedo e vamos fazer circular mais que a tiragem da revista. Vamos ver como reagem quando é com eles”. Uma agressão contra a Lei de Imprensa, contra a imprensa livre, prevista na Constituição, e principalmente uma fake news criminosa, contra a qual a Editora Três deve tomar providências judiciais para preservar seus direitos empresariais e individuais, já que a empresa sempre foi árdua defensora da imprensa livre e independente.
Vale lembrar que a ISTOÉ fez, recentemente, uma capa estampando o presidente Bolsonaro caracterizado com o corte de cabelo e bigodinho de Hitler, vencendo o presidente inclusive na Justiça. Afinal, ele tentou vetar a capa (aí sim foi uma espécie de censura, já que a Constituição protege a liberdade de expressão), com os juízes das primeiras instâncias dando ganho de causa inequívoca à Editora Três.
Genocida
Naquela oportunidade, a ISTOÉ se referia a declarações dadas pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid-19, mostrando que o atual presidente havia cometido vários crimes na pandemia, inclusive contribuindo com o elevado número de mortes, provocado pela falta de vacinas que o mandatário não comprou a tempo. E, quando comprou, queria pagar por produtos superfaturados e sem concorrência, com até um dólar por cada dose adquirida – com um sobrepreço superior a R$ 1 bilhão além dos valores oferecidos ao Ministério da Saúde.
O negócio da Covaxin, avaliado em R$ 1,6 bilhão, e que contava com a participação do deputado Ricardo Barros, líder do governo, poderia ter saído por menos da metade. Foi suspenso, contudo, porque a CPI da Covid descobriu a mutreta a tempo e pediu para que o ministério voltasse atrás. Segundo o deputado Luis Miranda, Bolsonaro sabia do esquema, mas se omitiu.
Naquele instante, Calheiros disse que Bolsonaro “copiava o nazismo” e era “genocida” na Saúde. Por isso, fez a capa jornalisticamente embasada em declarações do senador, não justificando, portanto, as agressões agora manifestadas pelos bolsonaristas contra a publicação, usada para atacar os quatro principais magistrados à frente da Justiça Eleitoral brasileira e na defesa das instituições democráticas.
Istoé