A tireoide, glândula em forma de borboleta na parte frontal do pescoço, comanda funções vitais, produzindo os hormônios T3 e T4 — moléculas que regulam energia, metabolismo e até o ritmo do coração. Quando surge um nódulo, estamos falando de uma massa de tecido tireoidiano que cresceu além do esperado ou de um cisto cheio de líquido que se instalou no local.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, esses nódulos são extremamente comuns: podem aparecer em até 68% dos adultos. Muitos passam anos sem saber que têm um, até que ele cresce o suficiente para ficar visível — e é justamente por isso que o primeiro passo é sempre procurar avaliação médica.
O ultrassom é o exame indicado para investigar nódulos detectados clinicamente, ou seja, palpados por um profissional de saúde. O método também é recomendado para pessoas com maior risco de tumores malignos, como quem já recebeu radiação na região do pescoço — por exemplo, em tratamentos contra linfoma — ou quem tem parentes de primeiro grau com histórico de câncer de tireoide. Fora esses cenários, não há motivo para rastrear a glândula de rotina.
Alguns perfis pedem atenção redobrada
Crianças pequenas, homens e pessoas acima dos 60 anos apresentam maior probabilidade de malignidade, assim como nódulos muito duros ou que crescem rápido demais. Mesmo assim, na esmagadora maioria dos casos, a massa é benigna e não representa risco imediato à saúde.
Quando há suspeita ou confirmação de câncer, o caminho é a cirurgia. O prognóstico costuma ser excelente: as taxas de mortalidade são baixíssimas e raramente há necessidade de quimioterapia. A própria cirurgia costuma ser simples e exige pouco tempo de recuperação.
Quando o excesso de zelo atrapalha
Nos últimos anos, pesquisadores e sociedades médicas têm chamado atenção para o “superdiagnóstico” de câncer de tireoide — casos em que pequenos nódulos, que nunca causariam sintomas ou prejuízo, acabam recebendo rótulo de tumor. Nesses cenários, o tratamento pode trazer mais riscos do que benefícios.
Por isso, as diretrizes atuais são mais conservadoras tanto para o rastreio quanto para a punção desses nódulos. Sistemas de classificação de risco que avaliam tamanho e características da massa ajudam a separar o que realmente merece investigação mais profunda — por imagem ou punção — daquilo que pode ser apenas acompanhado ao longo do tempo.
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