A queda livre na popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pode ser ignorada. A mais recente pesquisa Quaest, divulgada no início de abril de 2025, é um retrato claro de um governo que está perdendo cada vez mais a conexão com a população. Os números são alarmantes: 56% dos brasileiros desaprovam o governo Lula, e apenas 41% ainda o aprovam. A crescente desaprovação não é um fenômeno isolado, mas sim um reflexo de uma série de decisões equivocadas, promessas não cumpridas e uma desconexão evidente entre o que o governo oferece e o que a sociedade espera.
Não é de hoje que Lula enfrenta dificuldades. Desde o início de seu terceiro mandato, a popularidade do presidente flutuou entre altos e baixos. Mas o cenário atual, com a desaprovação atingindo seu pior índice desde que assumiu o cargo, é preocupante. Em especial, a pesquisa revela que setores da população que sempre foram aliados do petista, como as mulheres, os mais pobres e os católicos, passaram a rejeitar suas políticas. A região Nordeste, onde Lula sempre teve uma base sólida, mostra sinais claros de descontentamento, com uma aprovação de 52% e uma desaprovação de 46%, algo impensável para um presidente que sempre teve forte apoio no local.
É claro que a gestão Lula enfrenta dificuldades econômicas, mas o que mais pesa para esse cenário é a sucessão de erros cometidos pelo governo, que não soube aproveitar as oportunidades de recuperação econômica para oferecer resultados concretos à população. A alta inflação, os preços dos alimentos em ascensão e o crescente desemprego são sintomas de uma economia que não consegue decolar, e que só piora a cada mês. As pessoas que perderam o poder de compra, como aponta a pesquisa, veem seus salários encolhendo enquanto os preços sobem – e essa frustração se reflete na queda da popularidade do governo.
Além disso, decisões controversas, como a tentativa de taxação de transações no Pix, apenas pioram a imagem de Lula. Uma medida de tal natureza soa como mais uma tentativa de arrecadar em cima de uma população que já está sobrecarregada. Isso cria a impressão de que o governo não tem sensibilidade para lidar com os desafios diários do povo, e isso pode ser um divisor de águas para sua futura candidatura à reeleição.
O fato é que Lula está se aproximando de um ponto de não retorno. O desgaste do seu governo, aliado à falta de conexão com as necessidades do povo, pode fazer com que uma possível candidatura à reeleição se torne inviável. O desgaste é nítido e, para um político que sempre soube se comunicar bem com as massas, essa desconexão com a população soa quase como uma traição. O risco de Lula não conseguir reverter sua imagem é real. Ele tem sido visto como alguém que perdeu a capacidade de dialogar com as pessoas, e isso pode ser fatal para quem depende do voto popular.
Não se trata apenas de números, mas de uma percepção coletiva. A imagem de Lula, construída ao longo de sua trajetória política, está sendo dilapidada pelos erros do presente. Se ele não conseguir retomar a confiança dos eleitores, especialmente os que o apoiaram no segundo turno de 2022, a possibilidade de um governo eficaz e de uma reeleição competitiva parece cada vez mais distante. O que estamos vendo é um governo sem rumo, que perdeu o contato com as demandas reais da sociedade e que, ao invés de corrigir sua trajetória, segue cometendo erros atrás de erros. E, para muitos, o tempo está se esgotando.
Por: Napoleão Soares