O Exército do Irã disse, em comunicado, que lançou dezenas de mísseis balísticos em direção a Israel em resposta ao assassinato de vários líderes do Hezbollah, realizado por forças israelenses nos últimos dias. O Irã é aliado do Hezbollah, um grupo baseado no Líbano e considerado como terrorista.
O espaço aéreo em Israel chegou a ser fechado durante os ataques, mas foi reaberto cerca de uma hora depois. A Jordânia e o Iraque também fecharam os céus para a circulação de aeronaves.
Segundo avaliação inicial do governo de Israel, mais de 200 mísseis foram lançados pelo Irã. Por volta das 20h30 (14h30 em Brasília), uma hora após o início do ataque, foi enviada uma mensagem geral aos celulares dos israelenses de que já poderiam sair dos abrigos em segurança.
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Daniel Hagari, porta-voz do governo de Israel, disse que não há mais sinais de novos ataques a caminho e que a maior parte dos mísseis foi contida pelo sistema de defesa aéreo que protege as principais cidades.
Ao mesmo tempo, uma parte dos mísseis atingiu regiões no centro e no sul de Israel. Ainda não havia relatos de mortes, mas os militares seguem analisando a situação. Havia registro apenas de duas pessoas com ferimentos leves.
Hagari disse ainda que o bombardeio do Irã terá resposta. “Este ataque terá consequências. Temos planos e vamos agir no tempo e lugar em que escolhermos”, disse.
Em Tel-Aviv, houve clarões gerados pelo sistema de interceptação de mísseis. Pessoas buscaram abrigo em túneis e outros locais para se proteger dos ataques.
Ainda nesta terça, um ataque terrorista em Jaffa, no sul de Tel Aviv, feito por dois homens armados, matou ao menos oito pessoas. Os autores foram mortos pela polícia.
O presidente Joe Biden e a vice, Kamala Harris, fazem uma reunião sobre os ataques nesta tarde, em Washington. De acordo com a CBS, os Estados Unidos ajudaram a barrar uma parte dos mísseis que foram lançados em direção a Israel.
Invasão ao Líbano
O ataque do Irã ocorre horas após as Forças de Defesa de Israel (FDI) iniciarem uma operação por terra contra o Hezbollah, no território do Líbano, na madrugada desta terça-feira, 1º. De acordo com o Exército israelense, os ataques são direcionados somente ao grupo extremista. A invasão acontece apenas alguns dias após Israel matar o líder do grupo armado libanês, Hassan Nasrallah, em uma escalada das tensões regionais.
Em resposta, o Hezbollah anunciou nesta terça-feira que lançou ataques de mísseis contra tropas israelenses em posições dentro de Israel e não fez menção às forças israelenses dentro do Líbano.
A inteligência americana também avalia que o Irã pode lançar drones e mísseis de cruzeiro, como fez no ataque de abril que Israel e seus aliados quase inteiramente impediram.
Mercados
A escalada de conflitos no Oriente Médio causou reação negativa nos mercados. Os rumores provocaram uma onda de aversão ao risco e apostas na alta do petróleo. Bolsas do mundo todo saíram das máximas do dia, enquanto o dólar, que operava em queda em países emergentes, viraram para o campo positivo.
O petróleo brent, negociado em Londres, sobe mais de 2% nesta manhã. O Índice de volatilidade VIX, conhecido como índice do medo, sobe 23,62%, com relatos sobre resposta do Irã, a 20,64 pontos.
Origens do conflito entre Israel e Hezbollah
A crise atual entre Israel e Hezbollah é uma consequência da guerra entre Israel e Hamas, que começou em outubro de 2023. No dia 7 daquele mês, terroristas do Hamas, grupo que controlava a Faixa de Gaza, invadiram Israel, mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram mais de 200 reféns. Em resposta, Israel lançou uma operação militar e invadiu Gaza, com a missão de atacar o Hamas e resgatar os reféns.
No entanto, a guerra em Gaza virou uma situação incerta. Mesmo após quase um ano de ataque, parte dos reféns não foi resgatada e, apesar dos ataques de Israel, o Hamas não foi declarado derrotado.
O governo da Faixa de Gaza diz que mais de 41 mil palestinos foram mortos e 95 mil ficaram feridos desde o início da invasão. Além disso, centenas de milhares de pessoas tiveram de deixar suas casas.
O Hezbollah, que ocupa territórios ao sul do Líbano, perto da fronteira norte de Israel, passou a atacar o país vizinho com mísseis em 8 de outubro, quando os militares israelenses invadiram Gaza, como forma de solidariedade aos palestinos. Os ataques seguem ocorrendo desde então, e levaram 60 mil israelenses a deixarem suas casas.
As tensões entre o Hezbollah e Israel foram crescendo paulatinamente. Neste mês de setembro, Israel decidiu fazer uma operação ampla contra o Hezbollah, com o objetivo de matar os líderes do grupo e reduzir seu poder de ataque.
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A explosão dos pagers e rádios de comunicação foi o primeiro passo disso. Embora Israel não tenha admitido nem negado publicamente seu envolvimento na ação, foi o principal beneficiado por ela.
Na terça, 17 de setembro, milhares de pagers usados por líderes e combatentes do Hamas explodiram, em um ação coordenada. As investigações indicam que os aparelhos foram alterados, durante o processo de entrega ao grupo, após a compra de um novo lote, e receberam pequenos explosivos, que foram detonados à distância.
Ao receber uma determinada mensagem, o detonador provavelmente foi acionado e explodiu a bateria. Foram quase 40 mortos e cerca de 40 mil feridos, muitos deles atingidos no rosto e nas mãos. Segundos antes de explodirem, muitos pagers tocaram, como se estivessem recebendo mensagens.
Ataques de Israel
No dia seguinte, 18, houve explosões em rádios do tipo walkie-talkie, também usados pelo grupo. O Hezbollah adotou tecnologias mais antigas para evitar rastreamentos e hackeamentos por parte de Israel.
Sem usar celulares nem pagers, a comunicação entre o grupo ficou comprometida. E, em meio disso, Israel começou a atacar. A ação de Israel, chamada de Operação Flechas do Norte, tem como objetivo permitir que cerca de 60 mil israelenses possam voltar para suas casas, no norte do país, perto da fronteira com o Lìbano.
Os ataques de Israel atingiram ao menos 1.300 alvos, mataram mais de 500 pessoas e feriram mais de 1.800 na semana passada. Em meio à chuva de bombas, dezenas de milhares de pessoas fugiram do Sul do Líbano e estão buscando abrigo em outra cidades.
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