João Pessoa – O deputado estadual Hervázio Bezerra (PSB) reafirmou, ao chegar ao Maison Blu’nelle para o evento de filiação de Cícero Lucena ao MDB, que sua posição na disputa para o Governo da Paraíba é uma escolha baseada em convicção pessoal e política, não em pressão partidária. Pai do vice-prefeito Léo Bezerra, que assumirá a Prefeitura de João Pessoa quando Cícero deixar o cargo para disputar o governo, Hervázio reconheceu sua condição de dissidente dentro do PSB do governador João Azevêdo, mas disse que mantém o respeito institucional e seguirá apoiando João para o Senado.
“Nunca foi homem de ficar em cima do muro e hoje aqui mais uma vez dizendo sim ao projeto de Cícero. Sem dúvida, eu não faço política por pressão, não faço política por conveniência, faço política por convicção. Muita gente pode até achar que eu voto em Cícero por conta de Léo. Eu não sou hipócrita, isso pesa, mas voto em Cícero pela amizade pessoal, pela história. Léo tinha 12 anos, fazia parte da Força Jovem de Cícero quando ele foi eleito pela primeira vez. É uma vida inteira de amizade e confiança”, afirmou.
Hervázio ressaltou que apoia Cícero para governador, mas seguirá com o PSB na disputa para o Senado. “Voto com o meu partido, voto em João Azevêdo para senador, mas não tenho compromisso com o PP. Não tenho compromisso com Lucas. E assim vai ser. Meu temperamento sempre foi o de discordar do normal quando preciso. Na eleição passada, para senador, eu não votei em Pollyanna, que era candidata do meu partido. Eu disse publicamente que não votaria e votei no senador Efraim. Política é feita de escolhas, e escolhas têm consequência e preço. Eu estou pronto para pagar esse preço.”
Questionado sobre retaliação do governo, foi direto. “Não temo. Faço parte do governo de João, mas a partir do momento em que o governo acabar, sou oposição por opção minha. E nunca vou usar mídia ou rede social para dizer que Lucas me traiu. Eu fiz a opção por Cícero.”
Hervázio afirmou que não pretende impor seu posicionamento a prefeitos e aliados. “Eu tenho conversado com todos, mas não faço política da imposição. Se eu não gosto que me imponham, não vou obrigar ninguém a nada. Todos são adultos, donos do seu nariz. Eu digo qual é a minha preferência, a razão dela, e deixo todos à vontade. É assim com minha amiga Michele Ribeiro, prefeita operosa, e com todos os demais.”
Sobre seu futuro partidário, disse que ainda não decidiu. “Eu sou do PSB. Eu não quero deixar o PSB. Mas fiz um levantamento da nominata e vi que a maioria dos candidatos de 2022 já está apoiando outros nomes. Vai ser um trabalho hercúleo do governador, e acho que Léo vai contribuir também para fortalecer o PSB. Mas não é tarefa fácil. Tem prefeito que não quer nem ouvir falar do PSB. Vamos aguardar.”
O deputado ponderou que analisará a nominata do PSB antes de definir seu caminho. “Até agora só tivemos baixas: Tião não é mais candidato, Júnior Araújo vai para o PP, Anísio Maia não sei se será candidato, Gilma Germano já está nos Republicanos. Tudo isso vai ser avaliado. Mas tem tempo ainda.”
Sobre um possível retorno ao MDB, partido pelo qual já foi filiado, não descartou. “Eu vou lutar. Tenho ligação muito forte com o PSB, que me deu quatro mandatos. Mas cada um quer se salvar. Não estou dizendo que vou deixar ou ficar. Quero conhecer a nominata. Outros colegas fazem o mesmo. Lá na Assembleia ninguém sabe para onde vai. Nem João, nem Tanilson. Até Chico Mendes, que tem ligação forte com o governador, vai avaliar qual destino tomar, caso não tenhamos condição de formar uma grande nominata no PSB.”
Por: Napoleão Soares







