Os jogadores da seleção iraniana tiveram as suas famílias ameaçadas pelo governo local antes da partida contra os Estados Unidos, que aconteceu na última terça-feira (29) e concretizou a eliminação dos persas da Copa do Mundo, ainda na fase de grupos.
A informação divulgada pela rede de notícias CNN aponta que fontes envolvidas na segurança dos jogos, realizados no Qatar, relataram diferentes formas de intimidações caso os atletas ‘não se comportassem’ no jogo contra os americanos. Essas formas de repressão iriam de prisão até mesmo tortura.
Segundo essa mesma fonte, oficiais do Islamic Revolutionary Guard Corps (IRGM), exército local da Revolução Islâmica, estariam monitorando o elenco iraniano e alguns representantes, inclusive, teriam se reunido com o técnico Carlos Queiroz. O órgão proibiu os atletas de se misturarem com outras pessoas e se encontrarem com estrangeiros.
Na estreia iraniana na Copa, os jogadores não cantaram o hino nacional, aderindo ao protesto contra a repressão ostensiva da polícia de moralidade local. Essas manifestações ganharam força no Irã desde que a jovem Mahsa Amini, de 22 anos, foi morta após ser detida por supostamente não usar o seu véu de acordo com os códigos de vestimenta do país.
Muitas mulheres protestaram contra o governo iraniano durante a Copa (Foto: EFE/EPA/Abedin Taherkenareh)
O governo iraniano admite, ao menos, 300 mortes nesses manifestos que já duram dois meses. Porém, segundo a ONG Iran Human Rights esse número está próximo de 450, além de mais de 40 mil detenções, principalmente de estrangeiros.
Antes do jogo de estreia do Irã no Mundial, contra a Inglaterra, a relação do regime com o elenco era diferente, incluindo promessas de presentes e carros, ainda segundo a fonte da CNN, mas o tratamento mudou depois da primeira partida, em que os iranianos foram goleados por 6 a 2. No compromisso seguinte, em que a seleção iraniana venceu o País de Gales, os atletas encerraram o protesto silencioso e cantaram o hino nacional.
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