A campanha de Bolsonaro está procurando algum fato externo forte para tentar reverter a desvantagem do candidato nas pesquisas, é isso que eu defino como “golpe eleitoral”, um golpe que afete o rumo dos acontecimentos.
O factoíde de ontem foi o ministro das Comunicações, Fábio Faria, convocar a imprensa dizendo que faria um anúncio bombástico. Ele denunciou a não inserção de publicidade do candidato à reeleição em algumas emissoras do Nordeste. O ministro Alexandre de Moraes respondeu imediatamente que a denúncia estava baseada em um documento apócrifo sem nenhuma consistência e sem provas. E, na verdade, quem deve acompanhar estas mídias são os partidos mesmo. E diante de qualquer problema, buscar o procurador- geral eleitoral. Não é um escândalo, como o ministro tentou fazer crer.
Todos os especialistas em pesquisas dizem que a esta altura da campanha e da cristalização só um grande acontecimento, um golpe eleitoral, que provoque algum tipo de reação, comoção, surpresa na sociedade tem chance de alterar a intenção de voto em favor do atual presidente. Isto porque, da perspectiva de Bolsonaro, a pesquisa mostra uma inquietante estabilidade. O IPEC de ontem mostrou o mesmo resultado da semana passada no percentual de votos totais e válidos.
O caso de Roberto Jefferson, por exemplo, foi feito montado para estourar no ministro Alexandre de Moraes. O objetivo era criar uma imagem de que o ministro estaria impedindo o exercício da liberdade de opinião, supostamente para favorecer Lula. O discurso estava preparado, mas deu errado.
O episódio, na verdade, mostrou o ataque de um réu, aliado do presidente, dono de um arsenal dentro de casa, e que usou para atirar em policiais federais. Acabou sendo um holofote no que é o governo Bolsonaro, que mandou todo mundo se armar até dos dentes. Foi algo ruim para a campanha de Bolsonaro e não para o adversário.
O Globo