O aumento de mortes súbitas entre jovens brasileiros vem chamando a atenção de especialistas da área da saúde cardiovascular. Um caso recente que chocou o país ocorreu no último sábado (7), durante a 40ª edição da Maratona Internacional de Porto Alegre. João Gabriel Hofstatter De Lamare, estudante de Ciência de Dados e Inteligência Artificial da PUCRS, morreu após sofrer um mal súbito próximo ao fim da meia maratona de 21 km. O jovem completava 20 anos no mesmo dia.
Segundo relatos, João Gabriel caiu por volta do quilômetro 20 e foi prontamente socorrido pelas equipes médicas do evento. Apesar do rápido atendimento, ele não resistiu.
Tendência preocupante
Embora os números de 2025 ainda estejam sendo consolidados, cardiologistas alertam para uma tendência de alta nos casos de morte súbita em jovens, especialmente entre aqueles que praticam atividades físicas intensas.
Em entrevista, o cardiologista e pesquisador Dr. Valério Vasconcelos explicou que a maioria desses casos está ligada a condições cardíacas pré-existentes — muitas vezes silenciosas.
“O mal súbito em jovens, frequentemente referido como morte súbita, é um evento cardíaco repentino e inesperado, geralmente associado a condições pré-existentes, muitas vezes cardíacas. Em jovens, as causas mais comuns incluem a cardiomiopatia hipertrófica, arritmias cardíacas hereditárias e a inflamação do músculo cardíaco, chamada miocardite”, afirmou o especialista.
Segundo Dr. Vasconcelos, embora em muitos casos a morte súbita ocorra sem aviso, alguns sintomas podem indicar risco elevado.
“Sinais de alerta como dor no peito — especialmente se irradiar para o braço —, palpitações, desmaios, falta de ar, suor excessivo, náuseas ou vômitos devem ser levados muito a sério”, reforça.
Prevenção é o melhor caminho
Especialistas destacam que exames preventivos, como o eletrocardiograma e o ecocardiograma, podem identificar alterações cardíacas que passam despercebidas em jovens aparentemente saudáveis.
Além disso, a presença de desfibriladores externos automáticos (DEA) em eventos esportivos e locais públicos pode ser crucial para a sobrevida de vítimas de parada cardíaca súbita.
A morte de João Gabriel reacende o debate sobre os cuidados com a saúde cardíaca dos jovens, sobretudo os que participam de atividades físicas intensas. Eventos como corridas de rua, maratonas e competições amadoras devem contar com protocolos médicos rigorosos, desde a inscrição até o socorro emergencial.
A tragédia serve como um triste lembrete de que, por trás de rostos jovens e saudáveis, podem existir condições silenciosas que merecem atenção.
Assessoria
