Nos últimos tempos, quem acompanha a Câmara Municipal de João Pessoa tem se perguntado: em que momento os vereadores deixaram de falar da cidade para se preocupar tanto com Lula e Bolsonaro?
É só assistir a qualquer sessão da CMJP pra entender. O plenário virou palco de uma disputa entre bolsonaristas e petistas, com discursos inflamados, provocações ideológicas e muito barulho. O problema é que, no meio disso tudo, João Pessoa sumiu do debate.
Em fevereiro, a vereadora Eliza Virgínia apareceu com um boné escrito “Sem picanha, sem ovo e sem café”, provocando o governo Lula. Em resposta, o vereador Marcos Henriques usou outro boné com a frase “O Brasil é dos brasileiros”. Foi uma guerra de adereços e discursos que rendeu vídeos nas redes sociais, mas nenhuma proposta concreta para a cidade.
Essa polarização virou o novo normal por lá. Outro exemplo: recentemente, vereadores estavam debatendo a PL da Anistia que tramita no Congresso Nacional — um tema que nada tem a ver com os problemas do povo pessoense. Em vez de discutir mobilidade, saúde, educação ou habitação, a Câmara prefere fazer eco de Brasília.
E João Pessoa com isso? Nada. A cidade segue com problemas reais batendo à porta: transporte público ruim, filas na saúde, buracos nas ruas, bairros sem atenção. Mas esses assuntos rendem menos likes e menos manchetes. Então ficam de lado.
Esse comportamento já está incomodando a população. As críticas estão por toda parte. Gente que já não aguenta mais ver a Câmara discutindo tudo, menos a cidade. O jornalista Luís Torres foi um dos que chamou atenção para esse problema. Outros veículos também começaram a tratar do assunto.
Até o prefeito Cícero Lucena, que costuma evitar polêmicas, disse que o eleitor está cansado dessa briga ideológica. E ele tem razão. As pessoas querem resultado. Querem saber o que vai melhorar a vida delas. A cidade precisa ser prioridade.
João Pessoa não cabe nesse debate raso. A Câmara precisa voltar a olhar pra onde realmente importa. Menos palanque, mais cidade. Menos discurso, mais solução.
Por: Napoleão Soares