O Nordeste sempre será um celeiro para a arte, um brilho de beleza com sua natureza e um braço muito forte para resistir às adversidades de um Brasil que, muitas vezes, coloca a região numa prateleira bem abaixo do que ela representa para o mundo.
Na verdade, a região é abrigo seguro para quem nela habita e para quem respira as muitas heranças deixadas por grandes nomes que moldaram este lugar, com luta, música, poesia e as melhores referências para quem provar pisar deste chão.
Na Paraíba, artistas e pessoas de luta seguem vivas na memória do povo nordestino. Os exemplos, as memórias e as histórias de todas elas transcendem a divisão geográfica e ditam as trajetórias de quem consome tamanha riqueza.
Por isso, no Dia do Nordestino, comemorado neste dia 8 de outubro (em homenagem ao poeta popular, compositor e cantor cearense Patativa do Assaré), separamos alguns personagens paraibanos marcantes que construíram — e ainda constroem — a cultura nordestina para relembrar suas colaborações. Confira abaixo:
Ariano Suassuna
Nascido em João Pessoa, Ariano Suassuna (1927- 2014) é um dos maiores ícones da cultura nordestina. Ocupante da cadeira nº 32 na Academia Brasileira de Letras, quando foi eleito em 1989.
Ariano é também um dos maiores escritores da literatura do Brasil, além de ter sido professor e idealizador do Movimento Armorial, que valorizou as artes populares. Nesse projeto, os artistas precisavam criar artes eruditas através da influência da cultura nordestina.
Com o Auto da Compadecida, escrita em 1955 e depois transformada em filme, nos anos 2000, Ariano ganhou medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais.
Augusto dos Anjos
O poeta Augusto dos Anjos (1884-1914) era natural de Sapé e ficou marcado por ser um dos poetas mais importantes do pré-modernismo. Mesmo tendo produzido apenas um livro (intitulado ‘Eu’), ele é, até hoje, um dos poetas mais lidos e mais reeditados no Brasil.
Augusto se autoafirmava como “cantor da poesia de tudo que é morto” e retratava, em suas poesias, o gosto pela morte, a angústia e o uso de metáforas.
Cátia de França
Catarina Maria de França Carneiro é conhecida, no meio artístico, por Cátia de França. Ela
tem 75 anos, é natural de João Pessoa e, com apenas 19 anos, saiu da Paraíba para fazer acontecer o seu sonho de viver de música. E o plano deu certo.
Mulher forte, que canta a força dos anseios sociais e que, com a sua arte, dá fôlego à luta contra o ódio e o preconceito. Ainda muito nova, aprendeu a tocar piano, violão, sanfona, flauta e percussão.
Suas músicas, que fazem referências às obra de Guimarães Rosa, José Lins do Rego e Manoel de Barros, deram vida a diversas trilhas sonoras de teatro e de cinema. Ao longo de cinco décadas de trabalho, ela gravou seis álbuns com participações de Lulu Santos, Chico César, Clementina de Jesus, Sivuca e Dominguinhos.
Chico César
Cantor, compositor, escritor, poeta e jornalista. Francisco César Gonçalves, conhecido mundialmente como Chico César, tem 58 anos de idade e resiste com a música.
Natural de Catolé do Rocha, no Sertão paraibano, se mudou com 21 anos para São Paulo, trabalhou como revisor de textos, mas se aperfeiçoou na arte de tocar violão e fez comunhão com suas inúmeras composições musicais. Foi aí que conseguiu formar público até consolidar a carreira de repercussão internacional nos dias de hoje.
Entre discos, prêmios e voz ativa em prol da democracia, muitas vezes ecoadas em suas músicas, Chico César representa a Paraíba misturando ritmos, transitando entre elementos da cultura popular e canções românticas.
Jackson do Pandeiro
O Rei do Ritmo. Tamanha majestade se justifica por tudo que representou Jackson do Pandeiro (1919 – 1982). Instrumentista, compositor e cantor. Gravou uma série de forrós e sambas e teve enorme influência na popularização da cultura nordestina.
De Alagoa Grande, José Gomes Filho foi engraxate, biscateiro e entregador de pão. Isso até abandonar tudo, para, aos 17 anos, substituir o baterista do Clube Ipiranga e, posteriormente, se tornar o percursionista oficial do grupo.
O nome Jackson surgiu de sua simpatia pelo cinema mudo. Por lá, ele via que grande parte dos artistas internacionais se chamam ‘Jack’. Foi aí que se autonomeou Jack ainda quando criança. Posteriormente, Zé Jack, por seus colegas de músicas, até se tornar Jackson. Foi essa a primeira junção de seu regionalismo e o internacionalismo, mesmo que de maneira involuntária.
O sucesso de suas músicas e seu jeito de tocar lhe rendeu, no final dos anos 1970, milhares de exemplares de discos comercializados. Veio o reconhecimento de artistas do Brasil inteiro, especialmente dos tropicalistas. Sua originalidade passava pela reprodução de coco, baião, marchinha, samba, samba-de-breque, forró e frevo.
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