No mundo da inteligência artificial, há um novo player em cena. Desenvolvido pela OpenAI, o ChatGPT é um grande modelo de linguagem que foi treinado em um conjunto de dados diversificado, fornecendo uma ampla gama de conhecimentos.
O que difere o ChatGPT de outros chatbots é sua capacidade de entender e gerar texto semelhante ao humano. Usando uma combinação de algoritmos de aprendizado de máquina e um grande conjunto de dados de conversação humana, o ChatGPT é capaz de entender o contexto e a intenção da mensagem do usuário e gerar uma resposta relevante.
Além de suas habilidades de processamento de linguagem, o ChatGPT também é capaz de analisar e sintetizar informações, tornando-se uma ferramenta útil para pesquisa e análise de dados. Sua velocidade e eficiência permitem que ele processe e analise grandes quantidades de dados rapidamente, tornando-se um ativo valioso para empresas e organizações.
Se você não acredita que isso é possível, releia os três parágrafos anteriores: eles foram escritos pelo próprio ChatGPT. Bastou dar o comando “Escreva um artigo sobre o ChatGPT”, em português mesmo, e ele gerou o que você acabou de ler.
O ChatGPT usa o mesmo princípio do DALL-E 2, outra inteligência artificial (IA) da empresa, que gera e modifica imagens a partir de textos. Através de um processo chamado de machine learning (“aprendizado de máquina”), essas IAs recebem uma enorme quantidade de dados e, partindo deles, aprendem a reconhecer padrões e a replicá-los.
Por exemplo: de tanto ler frases de biscoito da sorte, o ChatGPT sabe que elas seguem alguns clichês. Então, quando pedimos que ele escreva uma frase que poderia ser encontrada em um biscoito, ele responde com: “O sucesso está ao seu alcance, basta ter determinação e acreditar em si mesmo”.
As possibilidades não se limitam a frases genéricas e parágrafos sobre a própria IA. No final de 2022, um professor da Furman University, nos Estados Unidos, descobriu que um de seus alunos havia usado o ChatGPT para escrever uma dissertação de filosofia.
Como dever de casa, a turma deveria escrever um texto de 500 palavras sobre o filósofo David Hume e o paradoxo do horror, que examina como as pessoas podem se divertir com algo que temem. Entre os trabalhos entregues, um deles apresentava algumas características que chamaram a atenção de Darren Hick, o professor da matéria.
“É um estilo limpo; porém, reconhecível. Eu diria que estava escrito como um aluno muito inteligente do terceiro ano do ensino médio faria”, afirma Hick. “Eram usadas algumas palavras específicas estranhas; não estavam erradas, eram apenas peculiares. Se você estivesse ensinando alguém a escrever uma redação, é assim que você diria a ela para escrever antes que ela descubra seu próprio estilo.”
Eventualmente, o professor questionou o aluno – que admitiu a trapaça e reprovou na disciplina. Hick teme que, conforme o ChatGPT continue aprendendo, os trabalhos gerados fiquem cada vez mais difíceis de serem identificados.
“Este é um software de aprendizado de máquina: em um mês, será mais inteligente; em um ano, será mais inteligente ”, afirma. “Sinto a mistura entre o terror e o que isso significará para o meu trabalho – mas também acho infinitamente fascinante.”
Um novo Google?
Escrever uma monografia por você é apenas uma das funções possíveis do ChatGPT. A IA também é capaz de fazer algo que uma das maiores gigantes da tecnologia, a Google, não consegue: te explicar algo.
Se você digitar “Quem descobriu o Brasil?” no buscador do Google , ele te mostrará a resposta “Pedro Álvares Cabral” no topo da página. Contudo, se ao invés disso você escrever “como funciona a física quântica?”, ele vai te direcionar a um outro site onde você pode aprender sobre física quântica.
Já o ChatGPT vai te explicar em 931 palavras o que é a física quântica. Você pode ainda alterar trechos da sua pergunta e pedir que a explicação seja mais aprofundada ou mais simples.
Só isso já foi suficiente para deixar a gigante Google preocupada. Enquanto ela te fornece uma lista de links, o ChatGPT te dá a resposta na hora. Em frases simples e claras, ele pode explicar qualquer conceito de maneira que as pessoas possam entender facilmente.
A Google, porém, não fica para trás na batalha das inteligências artificiais. Ela passou vários anos trabalhando em bots de bate-papo, e já construiu um que poderia rivalizar com o software da OpenAI. O LaMDA (Language Model for Dialogue Applications), bot de bate-papo do Google, ainda não está disponível para uso do público. Mas ele já foi alvo de polêmica quando um engenheiro do Google afirmou que a IA havia adquirido consciência. Apesar de não ser verdade, é prova de que a tecnologia vem melhorando.
Como usar?
Tudo que você precisa fazer é ir até o site do ChatGPT. Depois de criar uma conta, você já pode fazer seus próprios pedidos para a IA. Basta digitar o que você quer que ela escreva ou explique.
O ChatGPT tem alguns entraves, principalmente na parte ética. Como a IA é alimentada com textos vindos de todos os cantos da internet, ela pode receber conteúdos preconceituosos, e acabar reproduzindo estereótipos e falas prejudiciais.
Além disso, o chat pode ocasionalmente gerar informações incorretas. A OpenAI, inclusive, alerta na página inicial do software que ele possui um conhecimento limitado sobre eventos que aconteceram depois de 2021. Ao perguntar “quantas copas do mundo a Argentina venceu?”, ele ainda responde que são duas.
Claro, como acontece com qualquer nova tecnologia, existem preocupações sobre o potencial impacto negativo da IA. É importante lembrar que o ChatGPT é simplesmente uma ferramenta e, como qualquer ferramenta, é tão boa quanto a pessoa que a utiliza.
Esse último parágrafo também foi escrito pelo ChatGPT, por sinal.
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