O que já era um dos casos mais polêmicos da política recente de Mari (PB) acaba de ganhar um novo e explosivo capítulo. Informações obtidas através do sistema SAGRES/TCE-PB revelaram que a esposa e a filha do empresário Roberto Pereira dos Santos — autor da declaração que sustenta a denúncia de suposto abuso de poder econômico envolvendo a compra e distribuição de botijões de gás na eleição de 2024 — ocuparam cargos de assessoras executivas no Gabinete do ex-prefeito Antônio Gomes justamente no período em que os contratos com a Prefeitura foram firmados e executados.
O fato, até aqui omitido no debate público, lança uma nova luz sobre a isenção da denúncia e coloca o ex-prefeito Antônio Gomes diretamente no “olho do furacão”.
Roberto Pereira, proprietário da empresa fornecedora dos botijões, declarou em cartório que em 2024 vendeu 1.475 unidades de gás GLP à Secretaria de Ação Social — um aumento de 157% em relação a 2022. Ele mesmo afirmou que a maior parte das entregas ocorreu no período eleitoral, e seu depoimento foi anexado à ação que pode levar à cassação do mandato da prefeita Lucinha da Saúde.
Mas agora a pergunta central que não pode mais ser ignorada é: por que a proximidade política e administrativa do empresário com a gestão de Antônio Gomes foi escondida até aqui?
Durante todo o ano eleitoral, a esposa e a filha de Roberto Pereira estavam lotadas no Gabinete do ex-prefeito, em cargos comissionados. Ou seja: a família do denunciante fazia parte da estrutura de confiança do governo que ordenou a compra do gás.
Diante deste novo cenário, surgem questionamentos inevitáveis:
Por que, agora, a responsabilidade por um processo iniciado e consolidado durante o mandato do ex-prefeito recai exclusivamente sobre Lucinha?
Estaria a prefeita sendo usada como “boi de piranha” para proteger outras figuras políticas diretamente envolvidas?
Mais do que nunca, o caso exige uma apuração minuciosa: o surgimento desses vínculos compromete a narrativa de isenção da denúncia e pode, inclusive, abrir espaço para uma investigação mais ampla sobre as motivações reais do empresário e os interesses ocultos por trás da ação judicial.
Além disso, o fato escancara a fragilidade de um processo que tenta concentrar todas as responsabilidades em uma prefeita que, à época das supostas irregularidades, sequer exercia o controle real da gestão — e que desde o início de seu mandato tem enfrentado um cenário de sabotagem política e administrativa herdado de seu próprio grupo de origem.
O que mais existe nas entrelinhas dessa denúncia? Que outras peças ainda não vieram à tona? Quem realmente se beneficia de um eventual afastamento de Lucinha?
São perguntas que, a partir de agora, precisam ser feitas com mais força pela sociedade de Mari. Porque, se as ligações entre a família do denunciante e o ex-prefeito se confirmam como determinantes no caso, a denúncia pode deixar de ser um ato de “cidadania” e se revelar como parte de um jogo político ainda mais obscuro do que se imaginava.
A verdade segue gritando nos corredores da ex-gestão — e cabe ao povo de Mari exigir que ela venha, de fato, à luz.
Assessoria