Cabedelo, uma das cidades mais estratégicas e promissoras da Paraíba, segue vivendo uma novela política em capítulos repetidos: de um lado, a herança do ex-prefeito Vitor Hugo; do outro, a letargia administrativa do atual gestor, André Coutinho. O resultado? Uma cidade com potencial de protagonista no litoral paraibano sendo tratada como figurante por quem deveria defendê-la.
O recente parecer do Ministério Público de Contas é um retrato desolador da gestão Vitor Hugo. O ex-prefeito acumulou uma lista de irregularidades tão extensa quanto preocupante. Pagamentos indevidos, desrespeito à Constituição, desorganização patrimonial e favorecimentos escancarados marcaram sua administração. Só de despesas não comprovadas, o prejuízo ultrapassa R\$ 240 mil – valor suficiente para reformar escolas, postos de saúde ou investir em programas sociais duradouros.
E se não bastassem os vícios administrativos. Resultado: o novo prefeito precisou decretar cortes de gastos em praticamente todos os setores. Medida emergencial ou ato de desespero? Talvez um pouco dos dois. Mas o problema vai além da herança ruim.
André Coutinho, atual prefeito, até agora mostrou-se mais empenhado em se desvencilhar do passado do que em construir o próprio futuro político. Cinco meses se passaram, e a população ainda aguarda uma ação concreta, um projeto com identidade, uma decisão que demonstre que ele está, de fato, no comando da cidade. Cortar gastos, reduzir expediente e suspender nomeações são medidas administrativas básicas — que, sozinhas, não sustentam uma gestão.
A impressão que fica é a de um prefeito acuado pela sombra do seu antecessor, sem coragem política para romper com os vícios do passado e sem criatividade administrativa para inaugurar um novo tempo. E enquanto isso, a cidade continua pagando a conta.
Cabedelo merece mais. Mais do que um gestor reativo. Mais do que um ex-prefeito enrolado com a Justiça. A cidade precisa de liderança, de planejamento e, principalmente, de compromisso com a população. O município não pode continuar sendo um campo de disputa entre políticos que parecem mais preocupados com seus próprios interesses do que com o futuro de uma cidade inteira.
O povo está cansado de desculpas. Quer soluções. E para isso, é preciso coragem — algo que, infelizmente, ainda não se viu nos dois últimos capítulos dessa história.
Por: Napoleão Soares