O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou em média R$ 6.243,29 nos cartões corporativos da Presidência da República, só com alimentação, em cada fim de semana dos quatro anos de mandato.
Foram, ao todo, 209 fins de semana no período. Nesses dias, as faturas foram impulsionadas em R$ 1.304.888,85 em notas fiscais de armazéns, supermercados e restaurantes, distribuídas em 1.484 transações.
Os dados dos cartões de pagamento do governo federal, ou “cartões corporativos”, foram liberados para a agência de dados públicos “Fiquem Sabendo”, especializada na Lei de Acesso à Informação. Depois, foram divulgados também no site da Secretaria-Geral da Presidência.
Os registros vão apenas até o dia 19 de dezembro de 2022 (ou seja, não incluem os fins de semana do Natal e do réveillon) e incluem um único gasto no exterior – desconsiderando outros períodos em que Bolsonaro e equipe estiveram fora do país.
Em apenas três dos 209 fins de semana do mandato, Bolsonaro e a equipe de assessores passaram o sábado ou o domingo sem registrar gastos oficiais.
Gasto detalhado
Considerados apenas os registros ligados à alimentação, o maior gasto de uma só vez foi registrado em uma panificadora em Copacabana, no Rio.
Em 26 de maio de 2019, a Presidência da República gastou R$ 55,5 mil de uma vez na Padaria Santa Marta. Em valores atualizados pelo IPCA, hoje, a compra custaria R$ 68,9 mil.
O gasto foi registrado no dia seguinte ao casamento do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) com a psicóloga Heloisa Wolf. As notas não permitem saber o que foi comprado, mas Bolsonaro e família estavam na capital fluminense para a festa.
O estabelecimento foi o “point” do ex-presidente para comer aos fins de semana. Em quatro anos, a empresa recebeu R$ 207,8 mil só em gastos no cartão corporativo.
Outro destaque fica para a Lanchonete Tony e Thaís, na Zona Sul de São Paulo. O cartão corporativo foi usado 19 vezes ao longo dos quatros anos, totalizando R$ 106.080,00. Em média, o governo gastou R$ 5.583,16 a cada ida à lanchonete.
Gastos totais
Se considerarmos todas as transações, no entanto, os valores são ainda maiores. Foram 1.987 compras entre 2019 e 2022, somando R$ 3.696.501,90. O valor inclui alimentação, hospedagem, combustíveis e até material para festas.
Corrigindo essas compras pela inflação entre 2019 e 2022, o valor médio gasto pelo ex-presidente ao todo chegaria a R$ 4.253.781,45 – R$ 29.956,21 por fim de semana.
O maior gasto aos sábados e domingos foi com hospedagem – 56% do total. Em média, R$ 7 mil por cada sábado ou domingo.
Depois, vêm as faturas de alimentação (R$ 1,3 milhão ao todo) e combustíveis (R$ 164 mil).
O ex-presidente ainda gastou R$ 13,7 mil com aluguel de bens móveis, R$ 9,2 mil com aquisição de material de limpeza, R$ 6 mil com despesas por excesso de bagagem, R$ 3,8 mil com material de saúde e R$ 351,80 com pedágios.
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