O ex-prefeito de São Bento, Jarques Lúcio (PSB), enviou um recado político claro e estratégico ao grupo do governador João Azevêdo. Ao afirmar que está disposto a dividir palanque com adversários históricos — Galego Souza (PP) e Márcio Roberto (Republicanos) — em nome da unidade em torno do projeto socialista, Jarques sinaliza duas coisas: disciplina partidária e uma compreensão pragmática da conjuntura.
O gesto ganha peso por vir de uma liderança que conhece bem as dinâmicas locais e que, em outras circunstâncias, dificilmente se colocaria ao lado de figuras com quem manteve embates duros em São Bento. Ao admitir o “remédio amargo” de dividir espaço, Jarques traduz o que muitos aliados de João Azevêdo têm sentido: a necessidade de priorizar o projeto estadual em detrimento de rivalidades municipais.
No entanto, há um ponto sensível dessa estratégia, se o eleitorado e os adversários estão dispostos a engolir a receita. O PSB aposta na formação de uma chapa proporcional sólida, e Jarques surge como uma peça importante nessa equação, mas o convívio entre forças que historicamente se enfrentaram é, no mínimo, um teste de resistência política.
Em tempos de realinhamentos e incertezas sobre a sucessão de 2026, a postura de Jarques funciona como um gesto público de lealdade a João Azevêdo, que articula a própria candidatura ao Senado. O ex-prefeito se coloca como um soldado do projeto, mesmo que para isso precise dividir o mesmo espaço com quem já travou batalhas eleitorais acirradas. O recado é direto: há maturidade política de um lado — resta saber se haverá reciprocidade do outro.
Por: Napoleão Soares







