Os holofotes da política nacional estão para o ex-presidente, Jair Messias Bolsonaro. Isso se dá após a Polícia Federal indiciar Bolsonaro e outras 36 pessoas por suspeita de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Neste contexto, precisamos pensar no quanto este momento atinge a imagem pública e política de Bolsonaro. É importante, como consultor político e especialista em comunicação, analisar como circunstâncias como essas impactam a reputação e estratégias de comunicação de um político.
A trajetória política de Bolsonaro foi forjada em cima de um discurso polarizador e combativo, se firmando como um representante conservador e antipetista. Seus seguidores, os “bolsonaristas” têm em seu líder, um defensor da liberdade e dos valores tradicionais. Porém, com esses últimos acontecimentos, essa narrativa é abalada, considerando que a suspeita de tentativa de golpe contraria a ideia de liberdade e democracia. É inegável que a imagem de defensor das instituições fica enfraquecida, diante de tal suspeita.
A estratégia adota, a mais comum: “ser vítima de uma perseguição política e midiática”, mesmo sendo eficaz para garantir a permanência do apoio do seu grupo ideológico, pode prejudicar a relação com o eleitorado moderado, tão essencial numa estratégia política. Há um risco desse público interpretar o posicionamento de Bolsonaro como uma fuga da responsabilidade.
Além disso, a repetição excessiva da narrativa de vitimização pode saturar sua audiência e deslegitimar sua mensagem principal, especialmente em um contexto onde a demanda por líderes que assumam responsabilidade tem sido cada vez maior.
A imagem de Bolsonaro está em um ponto de inflexão. Se por um lado ele corre o risco de ser marcado pela história como um político que atentou contra as instituições, por outro, tem em mãos a oportunidade de reforçar sua posição como líder de uma parcela significativa do eleitorado brasileiro.
Para que isso aconteça, será necessário um equilíbrio delicado entre o enfrentamento das acusações e a reconstrução de pontes com o eleitorado moderado. Em um Brasil polarizado, o destino de Bolsonaro será definido não apenas pelos desdobramentos jurídicos, mas também pela habilidade de reposicionar sua imagem e narrativa perante a opinião pública.