A cena política paraibana ganhou um momento raro: um pré-candidato ao governo que faz autocrítica pública. Pedro Cunha Lima, ex-deputado federal, ex-candidato ao governo e herdeiro de uma das famílias mais tradicionais do estado, admitiu aquilo que analistas dizem há meses: sua candidatura é frágil.

E ele foi além. Disse que entende a divisão dentro da própria família — o primo Bruno Cunha Lima com Efraim, o tio Ronaldo Filho com Cícero Lucena e que essa falta de unidade apenas “revela o óbvio”. Talvez Pedro tenha feito, sem perceber, o diagnóstico mais preciso de sua trajetória recente.
O peso do sobrenome sem o peso do mandato
Pedro é inteligente, articulado, moderno, tem boas ideias, principalmente na pauta da educação. Mas a política não vive só de boas ideias. E ele mesmo admite que não ter mandato hoje o deixa menor num tabuleiro onde cada movimento importa.
Em 2022, Pedro foi ao segundo turno contra João Azevêdo e saiu maior do que entrou. Mas não capitalizou. Não fincou presença nos municípios. Não montou bases novas. Não fez o dever de casa municipalista que seus avô e pai sempre fizeram.
E aqui está um ponto sensível, porém real:
Pedro não herdou o populismo leve de Ronaldo nem o carisma político de Cássio. Herdou o discurso, mas não o estilo.
E na política paraibana, estilo ainda é metade do jogo.
O candidato que não consegue unir nem o próprio clã
Se Pedro não consegue unificar os Cunha Lima, como pretende ser a força unificadora da oposição? Ele sabe disso. Disse a Kassab, a Cícero e a Efraim que não será obstáculo para a unidade.
É uma fala madura. Mas é também uma fala resignada.
Hoje, o nome “Pedro Cunha Lima” tem força eleitoral, mas não tem musculatura política.
Tem discurso, mas não tem tropa.
Tem história, mas não tem estrutura.
Um político necessário — mas ainda fora do seu tempo
Há verdade quando Pedro diz que quer contribuir, seja disputando o governo ou retornando à Câmara Federal. E há verdade quando ele diz que não aceita ser vice, embora, na prática, seria um vice excelente para qualquer chapa.
O que falta é o que ele mesmo admite: força real.
Força de rua.
Força de base.
Força de grupo.
Força de presença.
Pedro continua sendo uma peça importante no jogo, mas não é, hoje, o jogador que define a partida.
A autocrítica
Sua sinceridade desmonta narrativas, desarma adversários e mostra lucidez política. Mas não resolve o problema central:
Pedro ainda não se encaixou no modelo político da Paraíba.
E até que isso aconteça, sua candidatura continuará sendo o que ele próprio reconheceu, frágil. E sua missão, a partir daqui, será superar o que hoje é o seu maior adversário: ele mesmo.
Por: Napoleão Soares









