A imagem de centenas de banheiros químicos espalhados no entorno da Estação Ciência, Cultura e Artes, a Estação Cabo Branco, em João Pessoa, é mais do que um incômodo visual. É um retrato do abandono de um dos principais símbolos arquitetônicos, culturais e turísticos da Paraíba, projetado por Oscar Niemeyer, referência mundial da arquitetura moderna.

A denúncia feita pelo ex-governador Ricardo Coutinho, ao relatar seu espanto diante das fotos recentes do equipamento, recoloca no centro do debate público o destino da Estação. O espaço, concebido para ser um polo de ciência, arte, memória e difusão cultural, aos poucos vem sendo descaracterizado, tratado como estrutura de apoio para eventos privados e usos improvisados que ignoram sua função original.
Ao lembrar que o equipamento foi pensado como um monumento às artes e à memória de Oscar Niemeyer, e que ajudou a impulsionar o turismo na Capital, Ricardo chama atenção para algo que vai além de qualquer disputa política. O que está em jogo é o respeito ao patrimônio público, à história da cidade e ao papel que a Estação já cumpriu como cartão-postal e espaço de formação, lazer e conhecimento para milhares de pessoas.
Um equipamento desse porte não pode ser reduzido a cenário de estruturas provisórias, depósito de banheiros químicos ou extensão de festas que nada dialogam com sua vocação cultural. Uma obra de Oscar Niemeyer não merece esse tipo de tratamento. Ela exige zelo, planejamento, programação permanente, manutenção adequada e um projeto de gestão à altura de sua relevância arquitetônica e simbólica.
Diante das imagens e dos relatos, não basta registrar indignação. É necessário que providências concretas sejam tomadas. Cabe ao poder público apresentar explicações claras, rever práticas de uso do equipamento e estabelecer regras que protejam a integridade da Estação, de seu entorno e de seu acervo artístico. Cabe também aos órgãos de controle, como Ministério Público e instituições de defesa do patrimônio, avaliar a situação, atuar para coibir a descaracterização e garantir que não haja violação de normas de preservação, uso e manutenção de bens públicos dessa natureza.
A sociedade paraibana, por sua vez, precisa reocupar esse debate. A Estação Ciência, Cultura e Artes não é apenas um prédio bonito em um ponto nobre da cidade, é parte da identidade de João Pessoa e da memória recente de políticas públicas voltadas à cultura, ao turismo e à educação. Permitir que ela seja lentamente desmontada, esvaziada de sentido e usada de forma incompatível com sua finalidade é aceitar, silenciosamente, a perda de um capítulo importante da história local.
A Estação Ciência, Cultura e Artes não pode ser tratada com descaso. Ver um dos maiores símbolos culturais e arquitetônicos da Paraíba, projetado por Oscar Niemeyer, sendo utilizado de forma inadequada e negligente é revoltante. A Estação foi criada para ser um espaço de ciência, arte, memória e conhecimento, não depósito de banheiros químicos ou cenário para eventos privados que ignoram sua importância histórica. É preciso respeitar o patrimônio público, defender a cultura e impedir que desmontem um equipamento que já recebeu milhões de visitantes e marcou a história de João Pessoa e da Paraíba. O abandono não é só descaso, é tentativa de apagar conquistas, memórias e tudo que foi construído para o povo. E isso não pode ser aceito.
Por: Napoleão Soares









