Carros com motores turbo são cada vez mais comuns, e os que ainda não são sofrem críticas por supostamente serem defasados. Fato é que a popularização do turbocompressor tem me deixado preocupado com o futuro dos veículos usados.
Já temos muitos carros turbo usados com mais de 10 anos, e o que tenho visto são automóveis que estão com seus dias contados. Eles até funcionam, mas uma análise mais detalhada na avaliação pode revelar problemas que exigem reparos caros que poucos compradores aceitam assumir.
É covardia comparar motores turbo com os de aspiração natural. A turbina ‘enche’ com os gases do escape e gira o compressor, que pressuriza o ar que vai para dentro da câmera de combustão. Esse recurso permite que o motor tenha muito mais torque, e com isso mais desempenho.
Já os motores aspirados até podem passar por mudanças para melhorar o desempenho, mas é preciso gastar muito dinheiro para resultados pouco expressivos, portanto é bem mais difícil se deparar com um aspirado fora do padrão de fábrica.
Exigências de um carro turbo
Tem muita tecnologia envolvida em um motor turbo, e com isso ele deixa de ser tolerante a desaforos como era no passado. É preciso ter muito mais atenção com refrigeração e lubrificação, sistemas que estão sempre trabalhando com carga máxima, portanto exigindo produtos de altíssima qualidade, substituídos no prazo certo, por profissionais capacitados.
Na prática não é o que tenho visto no mercado de usados. Muitas vezes os carros turbo usados são como bombas prestes a explodir. Estão nas mãos de donos que só se preocupam em saber se tem combustível no tanque. Quando isso acontece, o custo do reparo é compatível com a alta tecnologia e o rombo no bolso é grande.
Para motoristas comuns, sem apelo de um entusiasta ou que preferem passar longe de problemas com o carro, continuo recomendando os bons e velhos motores naturalmente aspirados. Não que possamos ser relapsos com eles, mas é certo que são mais tolerantes a descuidos.
É preciso se preocupar com um turbo usado?
Sim, pelos motivos já citados. Mas, como sempre, cada caso é um caso. Já me deparei com motores turbo com alta quilometragem e muito saudáveis. Não foi surpresa saber que nesses casos o primeiro dono foi sempre o mesmo por muito tempo, manteve a originalidade do projeto e foi rigoroso na manutenção.
São esses carros turbo que podem ser considerados por aqueles que não querem abrir mão da sensação de colar as costas no banco nas acelerações. O problema está na dificuldade de conseguir isso. Com o aumento significativo de carros de locadora ou por assinatura, a preocupação com manutenção é bem menor, muitas vezes feita em centros automotivos pelo menor valor possível de contrato.
Sendo eu uma pessoa que sempre teve carros usados, continuo preferindo os aspirados, principalmente os modelos com mais anos de uso. O dia que eu tiver que partir para um turbo, é certo que vou optar por modelos com um ou dois anos de uso, assim diminuo o risco de comprar uma bomba.
Uol