O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, na noite desta segunda-feira (9/1), com os 27 governadores, vice-governadores ou representantes dos Executivos estaduais do país. A reunião ocorreu no Palácio do Planalto. No encontro, os presentes defenderam a pacificação e a reconstrução do país (veja como foi a reunião mais abaixo).
O compromisso desta segunda ocorre um dia após atos antidemocráticos, de violência, terrorismo e vandalismo serem registrados na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
É o primeiro encontro que Lula tem com os chefes estaduais desde que tomou posse, em 1º de janeiro, em seu terceiro mandato à frente da Presidência da República. Inicialmente, a primeira reunião com os governadores ocorreria apenas em 27 de janeiro — agenda que está mantida.
Na ocasião, Lula disse a governadores que o intuito do encontro era “prestar solidariedade ao país e à democracia”. O presidente fez diversas críticas à Polícia Militar do Distrito Federal e a generais das Forças Armadas que foram omissos e coniventes com os vândalos bolsonaristas que depredaram prédios públicos.
“Nenhum general se moveu para dizer ‘não pode acontecer isso’, ‘é proibido pedir isso’, ‘nós não vamos fazer isso’”, declarou Lula.
Lula ainda justificou o decreto de intervenção federal na segurança pública do DF. “Tive que tomar uma atitude forte, porque a Polícia Militar de Brasília negligenciou”, afirmou.
Presentes na reunião
Veja abaixo, os presentes na reunião desta segunda:
- Acre: vice-governadora Mailza Gomes (PP)
- Alagoas: governador Paulo Dantas (MDB)
- Amapá: governador Clécio Luis (Solidariedade)
- Amazonas: governador Wilson Lima (União)
- Bahia: governador Jerônimo Rodrigues (PT)
- Ceará: governador Elmano de Freitas (PT)
- Distrito Federal: governadora em exercício Celina Leão (PP)
- Espírito Santo: Renato Casagrande (PSB)
- Goiás: vice-governador Daniel Vilela (MDB)
- Maranhão: governador Carlos Brandão (PSB)
- Mato Grosso: vice-governador Otaviano Pivetta (PDT)
- Mato Grosso do Sul: governador Eduardo Riedel (PSDB)
- Minas Gerais: governador Romeu Zema (Novo)
- Pará: governador Helder Barbalho (MDB)
- Paraíba: governador João Azevêdo (PSB)
- Paraná: governador Ratinho Jr. (PSD)
- Pernambuco: governadora Raquel Lyra (PSDB)
- Piauí: governador Rafael Fonteles (PT)
- Rio de Janeiro: Cláudio Castro (PL)
- Rio Grande do Norte: Fátima Bezerra (PT)
- Rio Grande do Sul: Eduardo Leite (PSDB)
- Rondônia: representante Augusto Marques
- Roraima: Antônio Denarium (PP)
- Santa Catarina: governador Jorginho Mello (PL)
- São Paulo: governador Tarcísio de Freitas (PL)
- Sergipe: governador Fábio Mitidieri (PSD)
- Tocantins: Wanderlei Barbosa (Republicanos)
Governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) não marcou presença no encontro. Nesse domingo (9/1), o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou o afastamento do governador do cargo por, inicialmente, 90 dias. No lugar de Ibaneis, na reunião desta segunda, estava a vice-governadora Celina Leão (PP), que assumiu o comando do governo do DF.
Além dos governadores, a presidente do STF, Rosa Weber, e os ministros Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso também acompanharam a reunião, assim como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o procurador-geral da Repúbluca, Augusto Aras, e alguns ministros do governo.
Como foi a reunião com governadores
A reunião começou por volta das 19h e terminou perto das 20h30. Todos que discursaram durante a agenda defenderam a pacificação e a reconstrução do país.
O primeiro governador a discursar foi Helder Barbalho (PA-MDB). Em sua fala, Barbalho comentou medidas tomadas nos estados nesta segunda-feira após os ataques aos Três Poderes, em Brasília. O governador do Pará afirmou que foram cumpridas as ordens do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes sobre os acampamentos golpistas em diversos quartéis.
Na sequência, a presidente do Supremo, Rosa Weber, parabenizou a realização do encontro em “defesa da democracia e do Estado democrático de direito”. Ela também comentou os ataques feitos à sede da Corte, em Brasília.
“O Supremo Tribunal Federal foi duramente atacado. O nosso prédio histórico, no seu interior, foi praticamente destruirido. Essa simbologia, a mim entristeceu de uma maneira enorme, mas quero assegurar a todos que vamos reconstruí-lo, e no dia 1º de fevereiro daremmos início ao Ano Judiciário, como se impõe ao Poder Judiciário independente e guardião, no caso do Supremo Tribunal Federal, da nossa Constituição Federal”, afirmou.
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo que foi apoiado por Jair Bolsonaro (PL) na eleição estadual, disse que está na reunião para defender a democracia.
“Era muito importante estar presente no dia de hoje, por um ato de solidariedade aos Poderes constituintes e ao STF. Solidariedade ao Congresso Nacional, à Câmara dos Deputados, ao Senado Federal e solidariedade, no final das contas, à nossa democracia”, afirmou.
Celina Leão, governadora em exercício do DF após afastamento de Ibaneis Rocha (MDB), falou em um “dia de luto” para a democracia. “O governo do DF não vai tolerar vandalismos e atos golpistas como os que aconteceram ontem”, disse.
Atos golpistas
Nos atos antidemocráticos desse domingo, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram os prédios do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional, na Praça dos Três Poderes.
Em resposta aos atos golpistas, Lula decretou intervenção federal para assumir o controle da segurança pública do Distrito Federal.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse, nesta segunda, que 1,5 mil pessoas foram detidas ou presas até esta tarde. Segundo o ministro, 209 prisões ocorreram em flagrante. Outros 1,2 mil bolsonaristas estão sendo ouvidos.
Nota conjunta dos Poderes
Mais cedo, chefes dos Três Poderes divulgaram uma nota conjunta em que dizem “rejeitar” os atos terroristas desse domingo e pediram à população a “defesa da paz e da democracia”.
Veja a íntegra:
“Nota em Defesa da Democracia
Os poderes da República, defensores da democracia e da Carta Constitucional de 1988, rejeitam os atos terroristas, de vandalismo, criminosos e golpistas que aconteceram na tarde de ontem (domingo) em Brasília.
Estamos unidos para que as providências institucionais sejam tomadas, nos termos das leis brasileiras.
Conclamamos a sociedade a manter a serenidade, em defesa da paz e da democracia em nossa pátria.
O país precisa de normalidade, respeito e trabalho para o progresso e justiça social da nação.”
Metrópoles