Um dos confrontos mais repetidos em Copas do Mundo, Argentina e Holanda se enfrentam pela sexta vez em Mundiais nesta sexta-feira, às 16h (de Brasília), no Lusail, pelas quartas de final. O duelo que já teve brilho de Johan Cruyff, Dennis Bergkamp e um título decidido com a estrela de Mario Kempes sempre é cercado de expectativas, e não será diferente no Catar, já que um revés pode encerrar a trajetória de Lionel Messi em Copas. Caso vençam, os argentinos podem fazer o tão aguardado clássico contra o Brasil, que tenta uma vaga mais cedo, às 12h, diante da Croácia.
O último encontro entre as duas seleções foi no Mundial de 2014, e os argentinos levaram a melhor nos pênaltis. Depois do 0 a 0 no tempo normal, em duelo nervoso em São Paulo, Ron Vlaar e Wesley Sneijder desperdiçaram as cobranças, e a albiceleste avançou para pegar a Alemanha na final. Curiosamente, os sul-americanos jamais conseguiram vencer o rival no tempo normal em uma Copa do Mundo.
— Sabemos que é um rival duro, que há uma longa história entre as duas seleções. Na última vez, foi a semifinal e passamos. O mais importante é passar, se for em 90 minutos ou 120 minutos, não importa — afirmou o meia Mac Allister, um dos jovens destaques da Argentina neste Mundial. — Eu estava em casa, vendo com minha família, e desfrutei muito da vitória. Por isso, para mim, disputar uma partida dessa é um orgulho grande.
Três remanescentes desse último duelo estarão hoje neste reencontro: Messi, pela Argentina, e Blind, da Holanda, além do técnico Louis van Gaal, que foi perguntado sobre como tentará parar o camisa 10 rival nesta busca por revanche.
— Eu não vou contar para vocês, porque senão eu entrego a minha tática, e isso é ingenuidade. Mas não é tão difícil imaginar —afirmou Van Gaal em entrevista coletiva ontem.
O primeiro jogo entre as duas seleções foi na Alemanha-1974, e Cruyff marcou duas vezes na goleada por 4 a 0. O troco veio quatro anos depois, na final. Nos 90 minutos, Dick Nanninga e Kempes marcaram uma vez para cada lado. Na prorrogação, Bertoni e outra vez Kempes, artilheiro e melhor jogador daquele Mundial, deram o primeiro troféu aos anfitriões.
Altos e baixos
O outro duelo de mata-mata foi nas quartas de final da França-1998, quando os holandeses levaram a melhor por 2 a 1, gols de Kluivert e Bergkamp. Seis anos depois, as duas seleções empataram sem gols pela fase de grupos.
Holanda e Argentina fazem uma Copa parecida até aqui, embora os sul-americanos tenham passado sufoco maior depois da derrota para a Arábia Saudita na estreia. Ambos terminaram em primeiro em seus grupos, longe de terem atuações brilhantes, e conseguiram vitórias de certo modo tranquilas nas oitavas de final, diante de Estados Unidos (3 a 1) e Austrália (2 a 1).
A Argentina tem lidado com problemas físicos na equipe. Angel Di María, um dos mais experientes, não jogou contra os australianos, nas oitavas, e não tem presença garantida hoje. Angel Correa, que ainda não entrou em campo no Catar, treinou como titular nos últimos dias.
Ontem, o técnico Lionel Scaloni foi questionado sobre a situação física de seus jogadores, especialmente Rodrigo de Paul que, segundo a imprensa do país, também enfrenta problema musculares. Ele deve promover trocas nas laterais e no meio. Scaloni se esquivou de responder sobre qual adversário prefere pegar caso a Argentina se classifique às semifinais.
— Se prefiro a Croácia ou Brasil, não tenho respostas para essa pergunta. Nós temos primeiro uma partida e, depois, vamos ver o que passa.
Pelo lado da Holanda, Van Gaal não deve ter surpresas. O time tem jogado no 4-4-2 em vez do tradicional 4-3-3, com Gakpo e Memphis na frente. O primeiro, de 23 anos, tem sido uma das revelações da Copa e está na vice-artilharia, com três gols.
O Globo