“A safra 2021/22 foi dramática, com um nível de utilização de capacidade instalada caindo de 90% para 75%, deixando ¼ das indústrias ociosas por falta de cana-de-açúcar, com impactos consideráveis nos custos de produção em torno de 40%. A safra 2022/23 deve ser mais positiva, mas com margens mais achatadas”. Essa afirmação foi feita pelo gestor do Pecege Projetos e Consultoria, João Rosa, durante a palestra ‘Gestão de Custos Sucroenergéticos: análise das safras 21/22 e 22/23’, proferida na sede da Associação de Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), nesta quarta-feira (19), em João Pessoa. O evento foi uma realização do Departamento Técnico (DETEC) da entidade, com apoio das empresas Crop e da Fertilizantes Yara Brasil.
O estudo que balizou o achado destes dados foi feito com um universo de 58 grupos agroindustriais, representantes de 116 unidades em diversos locais do país e encontra-se na fase de consolidação. Os resultados finais, segundo João Rosa, serão divulgados no dia 17 de novembro, durante um evento online. De acordo com o levantamento, a diferença dos custos de produção entre as regiões Sul/Sudeste e Nordeste não foram relevantes nesta safra e estão quase que praticamente igualados. Dados preliminares levantados pelo Pecege e apresentados por João Rosa aos produtores paraibanos mostram que os custos de produção de cana na safra 21/22, no Nordeste, ficou em 147, enquanto que no Centro/Sul ficou em 148. Na preparação do solo, por exemplo, enquanto no Centro/Sul foi de 2.749, no Nordeste o resultado preliminar aponta um valor de 2.187. No investimento do plantio por hectare, a diferença é ainda menor ficando em 6.977 no Centro/Sul e 6.794 no Nordeste.
Comparando os valores de referência dos dados das safras 20/21 com a 21/22, os custos operacionais de produção de cana por tonelada aumentou de 103 para 148. O estudo mostra ainda que na safra 21/22 o custo que mais pesou na produção de cana em relação à formação do canavial foi o da operação, respondendo por 51%, seguido dos custos com mudas (21%) e fertilizantes (14%). Nos tratos com soca, o custo com a operação também foi o que mais pesou, respondendo por 44%, seguido de fertilizantes (31%) e fungicidas (21,1%).
Sobre as perspectivas apontadas, a Pecege trabalha para a safra 22/23 com um valor para formação do canavial entre 13 a 20 mil, de tratos com cana soca, de 3,5 a 6 mil, de um custo operacional em R$/tonelada de 160 a 170, com uma produtividade/TCH de 75, uma ATR de 136 e com uma perspectiva de moagem de 543 milhões de toneladas. Em relação ao custo x preço, o gestor do Pecege lembrou que na safra 21/22 o custo se elevou e o preço se elevou ainda mais e que a perspectiva na safra 22/23 é que o custo aumente e o preço, por sua vez, lateralize/caia.
“A grande questão é não focar na quantidade de cana produzida, mas no ATR por hectare alcançado e lembrar que a cana tem ciclos de oscilação históricos para cima e para baixo e que para se manter com equilíbrio no mercado é preciso fazer um planejamento de cinco anos para frente”, disse João Rosa, lembrando que o produtor ao invés de querer atingir três dígitos de TCH, precisa focar nos dois dígitos de TAH e não deve confundir produtividade com ‘produtivaidade’ e que o custo em R$/ha, no geral, pouco tem a dizer.
No final da palestra, o diretor técnico do DETEC, Neto Siqueira, agradeceu a participação do representante da Pecege e reiterou a importância do produtor se planejar previamente e estar atento ao bom uso da tecnologia e das ferramentas disponíveis para melhorar sua lavoura e seus resultados. “Essa será uma safra técnica e daqui em diante quem não acompanhar a evolução tecnológica, as práticas modernas de produção, nutrição, etc, não vai conseguir resultados satisfatórios”, afirmou Neto, lembrando que o DETEC da Asplan está à disposição dos associados para orientações, apoio técnico e suporte no que o produtor precisar. No final da palestra, os presentes participaram de um almoço na sede da Asplan.
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