O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, determinou neste domingo que o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, preste explicações sobre possíveis operações realizadas pela corporação neste segundo turno das eleições.
A determinação tem como base um vídeo publicado pelo prefeito de Cuité, no interior da Paraíba, Charles Cristiano Inácio da Silva (Cidadania). O vídeo mostra policiais rodoviários federais realizando uma operação na entrada da cidade que ele administra.
Ao GLOBO, o prefeito de Cuité afirmou que a presença da PRF na principal via de acesso à cidade tem intimidado a população rural da cidade, que está deixando de votar.
— O povo da zona rural está intimidado e não está vindo votar. Muitas pessoas não vieram votar por medo de ter que passar pela blitz montada pela PRF na principal entrada da cidade. Estão na entrada da cidade com uma viatura e um reboque, fazendo ainda testes de bafômetro — afirmou.
A cidade tem 17 mil eleitores, dos quais 40% vivem na zona rural.
— Nós sabemos que muita gente do interior não tem a documentação completa do veículo, e por isso não vem votar por medo de ser parado na blitz — completou o prefeito.
Mais casos
Em Jacobina (BA), a 340 quilômetros de Salvador, o prefeito Thiago Dias (PC do B) questiona uma operação feita pela PRF no centro da cidade. Segundo ele, a ação na região é atípica.
– Eu tenho 39 anos, sou lavrador, nunca tinha visto isso em nosso município, a política rodoviária intimidando as pessoas. É uma operação meramente para coagir o eleitor, sem necessidade. É inadmissível. Eles disseram que cumpriam determinação da Superintendência de Brasília. Eu chamei a guarda municipal da cidade e disse que não vai ser guinchado um carro sequer aqui aqui no município. Só passando por cima de mim – afirmou ao GLOBO o prefeito, que analisa acionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Diante de denúncias de casos semelhantes, a coligação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu ao Tribunal Superior Eleitoral a intimação imediata do diretor-geral da PRF. “A coligação recebeu diversas denúncias, principalmente no Nordeste, de que agentes da PRF estão realizando operações para evitar o trânsito de ônibus e, com isso, aumentar a abstenção de eleitores. A ação estipula multa pessoal de R$ 500 mil por hora de descumprimento da decisão judicial, sem prejuízo das responsabilidades administrativa e criminal”, afirma a coligação em nota. O diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, declarou voto em Jair Bolsonaro nas redes sociais.
No sábado, Moraes já havia pedido explicações da corporação sobre as acusações. Ele também proibiu operações da PRF “relacionadas ao transporte público, gratuito ou não, disponibilizado aos eleitores” e deixou expresso que o descumprimento da decisão poderia gerar a responsabilização do diretor-geral da corporação por desobediência e crime eleitoral.
O Globo