Pesquisa de intenção de voto do instituto AtlasIntel para o segundo turno da eleição presidencial, divulgada nesta segunda-feira, mostra oscilação positiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para 52,0% de apoio ante 51,1%, contra 46,2% do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), que tinha 46,5%.
A sete dias da votação final, os indecisos e aqueles que disseram que irão votar nulo ou branco representam 1,8%, ante 2,4% na pesquisa passada, realizada de 8 a 12 de outubro. O novo levantamento, que entrevistou 4.500 pessoas pela internet, em 1.404 municípios, foi realizado entre os dias 18 e 22 de outubro e tem margem de erro de 1 ponto percentual.
Em votos válidos, que não contam os brancos e nulos e os indecisos da pesquisa, Lula teria 53% contra 47% de Bolsonaro, de acordo com a pesquisa. No levantamento anterior, o placar era de 52,4% a 47,6% dos votos válidos. No primeiro turno, Lula terminou à frente de Bolsonaro com 48,43% dos votos válidos, contra 43,20%.
“A pesquisa é uma boa notícia para Lula. Embora não capture o caso de Roberto Jefferson, dá para dizer que o movimento de recuperação de Bolsonaro após o primeiro turno estancou”, disse à Reuters o diretor-executivo da AtlasIntel, Andrei Roman, mencionando a prisão na véspera do ex-deputado e aliado de Bolsonaro Roberto Jefferson (PTB), que disparou com fuzil e granadas contra agentes da PF, deixando dois policiais feridos.
Segundo Roman, Bolsonaro vinha capitalizando a melhora na economia, a ampliação dos beneficiários do programa Auxílio Brasil e o bom momento de sua campanha provocado por seu desempenho melhor do que o esperado no primeiro turno, mas a ascensão foi interrompida no momento.
O revés pode ser atribuído, em parte, segundo o CEO, ao episódio em que o presidente sugeriu em entrevistas que adolescentes imigrantes venezuelanas seriam prostitutas –o mandatário pediu desculpas depois. Em uma das declarações, Bolsonaro disse que “pintou um clima” com as meninas, levando a campanha de Lula a acusá-lo de pedófilo nas redes sociais, em postagens vetadas depois pela Justiça eleitoral.
“Na nossa série de pesquisas de alta frequência fica claro que o episódio impediu uma trajetória de crescimento (de Bolsonaro)”, disse Roman, citando as pesquisas diárias, chamadas trackings, que sua empresa faz para clientes privados.
Depois dos resultados oficiais do primeiro turno, os institutos de pesquisa têm sido alvo de críticas, especialmente do atual presidente e aliados, por terem subestimado os números do candidato à reeleição na primeira votação.
O AtlasIntel se aproximou mais do resultado de Bolsonaro do que outros institutos, colocando a diferença entre ele e Lula em 9,2 pontos, enquanto outras pesquisas mostraram diferença de até 14 pontos, considerando os votos válidos. A diferença entre ambos foi de 5,2 pontos.
SIMONE TEBET E MINAS
A pesquisa AtlasIntel mostra ainda variações positivas para Lula no Nordeste e entre eleitores que votaram em Simone Tebet (MDB) no primeiro turno — a senadora, que ficou em terceiro lugar na primeira votação, faz campanha ativa para o petista agora.
Embora Roman advirta que análises em subgrupos menores da amostra devem ser usadas como cautela por causa da mudança na margem de erro, no conjunto de Estados nordestinos Lula aparece com 66,4% contra 64,1% na pesquisa anterior. Já a intenção de votos no petista entre os ex-eleitores de Tebet subiu para 69,6%, ante 54,2%.
O principal ponto positivo para Bolsonaro está no Sudeste, provavelmente em Minas Gerais, diz Roman, antecipando que o instituto divulgará um levantamento exclusivo sobre o Estado do governador reeleito Romeu Zema (Novo), que apoia o atual presidente, na próxima quinta-feira.
No Sudeste, havia empate numérico entre Lula e Bolsonaro, ambos com 48,7% na primeira pesquisa após o primeiro turno. Agora, Bolsonaro está na frente: o presidente tem 51,8% contra 46,8% do ex-mandatário petista.
O levantamento do AtlasIntel divulgado nesta segunda-feira também perguntou sobre a avaliação do governo Bolsonaro. Para 49,4% dos entrevistados a gestão é ruim ou péssima, ante 48,4% no levantamento anterior, ao passo que 33% a enxergam como ótima ou boa, contra 32,3% antes, e 16,8% a veem como regular, ante 18,8%
Istoé