Autoridades de países do Ocidente estão trabalhando em um “planejamento prudente” nos bastidores para evitar uma situação de caos e pânico caso a Rússia realize um ataque nuclear na Ucrânia ou próximo dela, disse uma fonte familiarizada com o assunto nesta sexta-feira, 14.
Ao jornal The Guardian o funcionário afirmou que, embora uma crise nuclear seja tratada como algo altamente improvável, os governos estão examinando seus planos atuais para fornecer apoio emergencial e tranquilizar a população no caso de uma escalada nuclear.
“Os governos estão envolvidos em um planejamento prudente para uma série de cenários possíveis”, declarou a autoridade ocidental, que falou sob condição de anonimato, enfatizando que qualquer utilização de armas nucleares pela Rússia na guerra seria abominável.
Campanhas de informação pública e até mesmo exercícios escolares sobre como sobreviver a uma catástrofe nuclear foram uma realidade durante a Guerra Fria em vários países. Na época, essas medidas eram criticadas e se tornaram objeto de paródias por sugerir que seria possível sobreviver a um ataque com armas nucleares. Agora, no entanto, o foco das ações é prevenir o pânico da população por medo de uma escalada desenfreada da guerra.
A secretária-geral da Campanha para o Desarmamento Nuclear, Kate Hudson, criticou o “planejamento prudente” e disse que ele remonta à campanha britânica Protect and Survive da época da Guerra Fria, altamente criticada por passar falsa sensação de segurança.
Após uma série de derrotas humilhantes para a contraofensiva ucraniana, o presidente russo Vladimir Putin fez uma ameaça velada sugerindo que poderia lançar mão de armas nucleares para vencer a guerra, o que ligou o sinal de alerta no mundo.
De acordo com a fonte ouvida pelo The Guardian, os comentários de Putin foram “profundamente irresponsáveis”, mas não se pode levar isso em conta para dizer que há uma crise nuclear, uma vez que nenhum outro país também fez menção ao uso desse tipo de armamento.
“Qualquer uso de armas nucleares quebraria um tabu que existe desde 1945 e levaria a graves consequências para a Rússia, bem como para todos os outros”, completou a fonte.
No fim de setembro, o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, disse que haveria “consequências catastróficas” para Moscou no caso de uso de armas nucleares táticas, que têm o poder destrutivo sete vezes maior que o da bomba utilizada em Hiroshima, no Japão.
O Ocidente não quer tornar públicos seus planos de defesa. A expectativa, no entanto, é que, para evitar uma rápida escalada, qualquer resposta inicial não deve ser nuclear.
Na quinta-feira 13, o presidente francês Emmanuel Macron afirmou que a França não responderia a eventuais ataques nucleares na mesma moeda e que os interesses fundamentais do país “não seriam diretamente afetados se, por exemplo, houvesse um ataque nuclear balístico na Ucrânia”.
No início desta semana, o chefe da agência de espionagem britânica, Jeremy Fleming, disse que não viu nenhum sinal de que a Rússia estivesse se preparando para fazer uso de uma arma nuclear tática na Ucrânia ou nos arredores.
Especialistas afirmam que a ameaça de Putin não é nada mais do que um blefe utilizado para causar medo e incerteza no Ocidente, além de manter os Estados Unidos e a Otan longe do conflito.
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