A vitória de Donald Trump na eleição presidencial de 2024 representa um impacto significativo não só para os Estados Unidos, mas para o cenário político global, especialmente entre movimentos de extrema-direita e conservadores. Com a projeção de vitória feita pela Fox News, Trump se torna o primeiro presidente norte-americano a exercer mandatos não consecutivos desde Grover Cleveland, consolidando um retorno histórico e controverso ao poder. Essa conquista reforça o apelo de políticas nacionalistas e conservadoras que influenciam outros países e acende as esperanças de grupos políticos semelhantes ao redor do mundo, inclusive no Brasil.
Mesmo sem relação direta com o processo eleitoral brasileiro, a vitória de Trump é vista com entusiasmo por muitos apoiadores de Jair Bolsonaro, animando um cenário político que havia sido abalado pela inelegibilidade do ex-presidente. Para esses grupos, a volta de Trump ao poder simboliza uma resistência bem-sucedida contra o “establishment” e fortalece a expectativa de que Bolsonaro também possa retornar à política nacional em breve. O raciocínio é de que, assim como Trump conseguiu contornar obstáculos jurídicos e mediáticos para reassumir o poder, Bolsonaro poderia, eventualmente, encontrar uma reviravolta judicial que anulasse sua inelegibilidade, permitindo-lhe concorrer a cargos públicos novamente.
Esse otimismo foi reforçado pela presença de Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho de Jair Bolsonaro, ao lado de Trump durante a apuração eleitoral nos Estados Unidos, em Palm Beach. Acompanhando de perto o processo, Eduardo mostrou publicamente a proximidade e a afinidade ideológica entre as famílias Bolsonaro e Trump, em uma demonstração de apoio e alinhamento político. Para muitos conservadores brasileiros, essa cena sinaliza que a vitória de Trump poderá reverberar nas aspirações políticas da direita brasileira.
A vitória de Trump também renova as energias de partidos e lideranças de extrema-direita em outros países, que enxergam no retorno do ex-presidente americano uma confirmação de que as pautas conservadoras, anti-imigração e nacionalistas podem vencer mesmo em cenários adversos. Em nações como a Itália, sob o governo de Giorgia Meloni, e na França, onde lideranças como Marine Le Pen ganham força, o sucesso de Trump é visto como um sinal positivo para a expansão de suas agendas conservadoras. O retorno de Trump tende a fortalecer alianças entre países que compartilham uma visão de mundo “pró-soberania” e que desconfiam de pactos multilaterais, especialmente nas áreas de meio ambiente e direitos humanos.
Para o Brasil, o retorno de Trump à Casa Branca pode representar uma parceria renovada em temas de interesse comum, como acordos econômicos bilaterais, segurança e até a política ambiental. Bolsonaro, que sempre se alinhou a Trump em questões como desenvolvimento econômico e resistência a políticas ambientais restritivas, deixou uma base leal de apoiadores que agora encontra na vitória de Trump um exemplo inspirador para o cenário nacional. Muitos bolsonaristas interpretam essa vitória como um prenúncio de que a política conservadora pode ter um futuro sólido no Brasil, inclusive com a esperança de que decisões judiciais possam pavimentar o caminho para o retorno de Bolsonaro.
No entanto, resta saber como as instituições brasileiras reagirão a essa nova fase, em que uma mobilização conservadora busca meios para revigorar a carreira política de Bolsonaro. Com Trump de volta à Casa Branca, é possível que setores da direita brasileira ganhem fôlego, mirando uma reversão da inelegibilidade de Bolsonaro como um ponto central para as próximas eleições. Para a extrema-direita global, a vitória de Trump simboliza o retorno de uma era de políticas nacionalistas e a crença de que figuras como Bolsonaro ainda podem retornar ao poder, impulsionando agendas conservadoras nos Estados Unidos, no Brasil e além.
Por: Napoleão Soares