Em um gesto que simboliza o descaso com o funcionalismo e com a população de Ingá, o ex-prefeito Robério Burity encerrou seu mandato deixando os servidores municipais sem os salários de dezembro de 2024. Enquanto milhares de famílias enfrentaram um fim de ano marcado pela insegurança financeira, o ex-gestor não hesitou em garantir o pagamento de um contracheque recheado para si próprio: R$ 59.877,08, incluindo três meses de férias supostamente acumuladas.
A atitude gerou revolta entre os servidores, que esperavam receber seus salários em um período tão sensível como as festas de fim de ano. Para muitos, a falta de pagamento comprometeu despesas básicas, como alimentação e saúde. “Enquanto nós passávamos por dificuldades, ele não só recebeu como acumulou valores em um contracheque que é um insulto ao trabalhador”, desabafou um servidor municipal que preferiu não se identificar.
A decisão de priorizar o próprio pagamento é vista por especialistas como uma possível configuração de improbidade administrativa. Práticas semelhantes já levaram à condenação de ex-prefeitos em outros municípios paraibanos, como Caaporã, Caldas Brandão e Nova Olinda. Não é apenas uma questão moral; há também consequências legais que podem recair sobre Robério Burity.
O atual prefeito de Ingá, Jan de Manoel da Lenha (PL), ao assumir o cargo, encontrou um cenário que classificou como “terra arrasada”. Carros e máquinas sucateados, dívidas com fornecedores e lixo acumulado pelas ruas são alguns dos problemas listados. Além disso, o prefeito destacou que as contas da prefeitura estão sendo auditadas, e medidas já estão em curso para regularizar os salários atrasados dos servidores.
O Sindicato dos Servidores Municipais também está acompanhando de perto a situação. Representantes da categoria se reuniram com o novo gestor para discutir as medidas emergenciais e cobraram um posicionamento firme diante do que consideram ser um caso claro de má gestão e irresponsabilidade administrativa. “Não se pode tolerar que uma cidade inteira seja prejudicada para que um gestor se beneficie”, declarou o presidente do sindicato.
Enquanto Robério Burity garantiu seu pagamento robusto, os servidores e a população continuam a arcar com as consequências. Serviços essenciais, como saúde e educação, foram impactados pela falta de recursos e pela situação precária deixada pela gestão anterior. A nova administração herda não apenas uma dívida financeira, mas também o desafio de reconstruir a confiança dos cidadãos.
A indignação da população é um lembrete de que a gestão pública requer responsabilidade e compromisso. Enquanto isso, a esperança está na capacidade do novo prefeito em enfrentar as adversidades e priorizar quem realmente faz a cidade funcionar: os servidores e os cidadãos de Ingá.
Por: Napoleão Soares