“Já o PSL era um partido insignificante do ponto de vista de votos e ganhou acesso a recursos impensáveis ao eleger 52 deputados em 2018, mas ainda não está espalhado no Brasil”, afirma.
Ela destaca ainda que DEM e PSL estão mais à direita no espectro político, embora haja partidos mais convergentes entre eles. Para a professora, a saída de Rodrigo Maia da presidência da Câmara e também do DEM deu uma guinada para a direita no partido, que ficou mais próximo ao PSL.
Maia saiu da presidência da Casa em fevereiro deste ano e, depois, foi expulso em junho. Para a cientista política, o rompimento do PSL com o governo Bolsonaro, em novembro de 2019, não afetou os votos dos deputados do partido, que continuam muito alinhados ao governo.
Um estudo recente, com dados de votações da atual legislatura na Câmara dos Deputados, mostra que, apesar de PSL e DEM estarem mais à direita no espectro político, Patriota, PSC, PL, PP, Republicanos, PSD e PTB também orbitam aquele campo e chegam a ser até mais próximos entre si.
Para Andréa, ainda é cedo para afirmar que a fusão tem relação com a cláusula de desempenho (medida para combater a fragmentação partidária), já que “nenhum desses partidos tinha ameaça de desaparecimento nas próximas eleições” e a federação partidária deu uma “sobrevida” para pequenos partidos.
“O interesse é se fortalecer para as eleições ou ganhar força para ter um candidato a presidente ou a vice-presidente.”
O cientista político Fernando Meireles, pesquisador do Cebrap, concorda que a fusão tem relação direta com as eleições de 2022. Para ele, a União Brasil entra na disputa com maior peso para montar palanques pelo Brasil e pleitear cabeça de chapa para cargos do Poder Executivo, com acesso a mais recursos públicos que os demais partidos.
Ele acredita que, caso não haja mudança nas regras nas próximas eleições, as fusões devem ocorrer com mais frequência, já que a cláusula de desempenho deve diminuir o número de partidos.
“Uma das grandes dificuldades para governabilidade no país é o grande número de partidos. O eleitor tem dificuldade de distinguir conteúdos programáticos e ter referências partidárias que realmente norteiam o posicionamento.”
“Com o passar do tempo, o sistema deve se tornar mais simples de ser operado do ponto de vista de governabilidade, com menos pessoas no colégio de líderes da Câmara, do Congresso e menos legendas para negociar a formação de chapas”, diz.
Nas eleições de 2018, 30 partidos elegeram representantes para a Câmara dos Deputados. O Brasil tem um dos sistemas políticos mais fragmentados do mundo, segundo o livro “Representantes de quem?”, do cientista político Jairo Nicolau.