As eleições municipais de 2024 no Brasil revelaram uma inclinação clara do eleitorado em direção a discursos mais moderados e conciliatórios, uma tendência que pode trazer sinais de descompressão para o cenário político nacional. Partidos como PSD, MDB, PP, União Brasil e PSDB, considerados de centro ou de centro-direita, demonstraram força ao conquistar prefeituras de várias capitais e cidades estratégicas, enquanto partidos associados a uma retórica mais polarizada, como PL e PT, tiveram desempenho abaixo das expectativas, especialmente nas principais cidades do país.
Em São Paulo, maior e mais influente cidade do país, a vitória de Ricardo Nunes sobre Guilherme Boulos representa essa escolha por uma postura política mais pragmática e de continuidade, um fator que foi determinante para os eleitores paulistanos. A vitória de Nunes, de perfil considerado moderado e que esteve comprometido com a gestão em meio a um cenário de polarização nacional, aponta para o cansaço do eleitorado com disputas ideológicas acirradas. O resultado em São Paulo reflete um recado direto do eleitor: uma preferência por lideranças capazes de conciliar interesses e priorizar a administração pública.
A expansão dos partidos de discurso moderado foi evidente em todo o país, com o PSD de Gilberto Kassab conquistando cerca de 877 prefeituras, consolidando-se como o partido com maior número de vitórias nas eleições municipais de 2024. A força do PSD pôde ser observada na reeleição de prefeitos em capitais como o Rio de Janeiro e Florianópolis, onde a mensagem de continuidade e gestão responsável foi predominante. Além disso, o MDB, com cerca de 844 prefeituras conquistadas, manteve-se forte em áreas do interior, aproveitando sua tradição de ser um partido pragmático e próximo das comunidades.
União Brasil, criado a partir da fusão entre PSL e DEM, também teve resultados expressivos, elegendo aproximadamente 575 prefeitos e consolidando sua presença em várias regiões do país. O PSDB, embora com uma leve queda em relação a pleitos anteriores, ainda foi capaz de eleger cerca de 269 prefeitos, mantendo-se relevante, especialmente em cidades de médio porte e regiões tradicionalmente alinhadas com o partido.
Partidos identificados com posições mais radicais, como o PL e o PT, enfrentaram desafios para conquistar o eleitorado este ano. Apesar do apoio de figuras influentes, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o PL não obteve o desempenho esperado, principalmente nas capitais, onde elegeu um número limitado de prefeitos. O PT, embora tenha registrado aumento no número de prefeituras conquistadas (248), ainda ficou abaixo de sua projeção histórica e concentrou suas vitórias em localidades específicas, como Fortaleza, sem alcançar expressivo avanço nas grandes cidades.
Por: Napoleão Soares