Investir um pouco todo mês até que os filhos se tornem adultos é uma forma de garantir a liberdade financeira das crianças, garantir a educação universitária ou proporcionar um intercâmbio. Segundo especialistas, pais que têm uma relação saudável com o dinheiro pode influenciar na mentalidade das futuras gerações. Trabalhar com os cofrinhos e com mesadas também são lições importantes. Veja as dicas mais abaixo:
Investir para o futuro
Busque uma carteira diversificada para ter segurança e rentabilidade. Há diversas opções no mercado. Thiago Godoy, educador financeiro da Rico , diz que, enquanto os fundos e planos de previdência privados oferecem segurança, títulos públicos como o Tesouro IPCA+ e o Tesouro Prefixado são opções atrativas. Há ainda o Tesouro Educa+, papeis do Tesouro que podem servir para poupar para os filhos com correção pelo IPCA mais uma taxa real. Para quem é mais arrojado na hora de investir, vale considerar as ações ou fundos que investem em papéis de empresas.
Pense em compor a carteira com 50% a 60% na renda variável e de 50% a 40% na renda fixa. O sócio e gestor da Finacap Investimentos, Alexandre Brito, diz que essas são as estimativas para objetivos financeiros que visam o retorno acima de uma década.
Programe investimentos a longo prazo, e não pense em resgatar antes. Há prazos relativamente longos. Hoje, o Tesouro Nacional oferece títulos com vencimento para 2035 e 2045, diz Marcos Piellush, professor da FIA Business School. “Mas é importante pensar que o saque deve ser feito no vencimento, pois se for feito antes, podem ocorrer oscilações nos preços, alterando a rentabilidade efetiva”, afirma.
Fundos permitem aportes em diferentes momentos. No caso dos Fundos DI, que acompanham a Selic e são muito utilizados para a reserva de emergência, Piellush diz que os investidores conseguem fazer aportes todos os meses. Como os Fundos DI acompanham a taxa de juros, eles tendem a ter sempre retorno real.
LCIs (Letra de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio) são isentas de IR. Nesses investimentos, os bancos oferecem os papéis para captar dinheiro que será usado na concessão às empresas do mercado imobiliário e do agronegócio. O principal benefício é a isenção do Imposto de Renda. Mas o prazo vai até cinco anos. Então, o pai teria que reinvestir o dinheiro no prazo de vencimento.
FIIs (fundos de investimento imobiliário) e Fiagros (fundos de investimento no agronegócio) podem gerar renda recorrente. Os FIIs são fundos de renda variável usados para investir em imóveis, como prédios de shoppings centers, hospitais, escolas, lajes corporativas e galpões logísticos.
Fundos imobiliários geram dividendos decorrentes do pagamento dos aluguéis, além da valorização da cota. O mesmo acontece com os Fiagros, mas com propriedades rurais ou ligadas à cadeia agrícola. Assim, são importantes para ter um dinheiro sempre pingando na conta.
A diversificação garante que a carteira esteja preparada para enfrentar diferentes cenários econômicos, reduzindo riscos e maximizando oportunidades futuras.Thiago Godoy, educador financeiro da Rico
Dicas para dar liberdade financeira aos filhos
Definir metas financeiras claras é ponto de partida. É o que diz Godoy, da Rico. Primeiro, é importante criar um plano realista, evitando decisões emocionais em momentos de muita oscilação no mercado. O segundo ponto é ter disciplina, o que ajudará na perspectiva de longo prazo. Um terceiro aspecto é ajustar a composição da carteira conforme as mudanças no cenário econômico.
Desenhar plano de alocação e considerar o perfil de risco são os primeiros passos. É a opinião de Brito, da Finacap. A partir do momento em que o pai entende se é mais conservador, moderado ou arrojado, ele consegue traçar uma estratégia de acordo com o seu objetivo e pode evitar erros futuros.
Ter metas mensais de valores ou percentual de renda para poupar pode contribuir. Segundo José Augusto Balotari, assessor da Manchester Investimentos, ter disciplina, ajustar o orçamento doméstico e dividir despesas em essenciais, necessárias e supérfluas é o caminho para gerar sobras para investir. O investidor também deve evitar estratégias de ganhos fáceis ou garantido, diz.
Como ensinar educação financeira
Pais podem começar com os cofrinhos. Ao dar exemplos de como os filhos podem, pouco a pouco, poupar para comprar bens desejados, eles começam a mostrar o valor do dinheiro desde cedo, afirma Balotari, assessor da Manchester Investimentos.
Mesada também é eficiente. Ao estabelecer um valor adequado com base na idade e necessidades individuais, os pais ensinam sobre a responsabilidade financeira desde cedo, diz Godoy, da Rico.
Dinheiro pode ser dividido em categorias. A distribuição da mesada para gastos pessoais, poupança e doações é uma maneira prática de introduzir a alocação de recursos e tomada de decisões conscientes.
Explorar o funcionamento do crédito ajuda a preparar os filhos para desafios financeiros. Neste sentido, os pais podem conversar sobre as implicações do não pagamento de uma conta e ressaltar a importância de manter um histórico de crédito positivo para despesas futuras, por exemplo.
É necessário que a mesada tenha recorrência e que os pais deixem os filhos errarem, sem ficar cobrindo os ‘furos” financeiros’.Thiago Godoy, educador financeiro da Rico
Para os investimentos, é importante mostrar a evolução do investimento, como se fosse um ‘cofrinho’. Se a criança ou adolescente já tiver noção do dinheiro e observar o crescimento do seu patrimônio, ficará motivada a poupar em vez de consumir.Marcos Piellush, professor da FIA Business School
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Ter R$ 1 milhão na conta é o sonho de muita gente. O que não te contam é que esse é um caminho que exige disciplina nos aportes e consistência nos seus investimentos. Também pode não ser para todo mundo, já que o valor a ser acumulado depende do seu padrão de vida – o importante mesmo é investir de acordo com os seus objetivos para conseguir realizar seus sonhos.
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