Identificada pela primeira vez na Índia, a variante Delta do novo coronavírus está avançando por todo o planeta e preocupa especialistas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cepa circula por 92 países. No Brasil, o Ministério da Saúde informa que, até o momento, 11 casos já foram detectados, com a confirmação de uma morte. O óbito aconteceu no fim de abril, mas só foi divulgado ontem. Apenas a Região Norte continua sem incidência da variante.
O segundo caso confirmado no Estado foi de uma mulher que tinha 42 anos, que acabou morrendo. Ela apresentou sintomas dois dias após chegar ao Brasil. Oito dias depois, foi internada.
O quadro piorou e, no terceiro dia de hospitalização, morreu após uma cesária de emergência no dia 18 de abril, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira. O recém-nascido prematuro testou negativo para covid-19 e se encontra saudável, após dois meses internado. A Secretaria de Saúde do Estado não considera que há transmissão comunitária da Delta na região e informa que aguarda a análise de outras amostras também enviadas para o programa de vigilância realizado em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Goiânia, por outro lado, é a única cidade do País a constatar transmissão comunitária da cepa. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o caso da variante Delta foi detectado em um estudo feito em parceria com a Universidade Federal de Goiás, que testou 62 pessoas. A cepa foi identificada em uma jovem com sintomas leves e sem histórico de viagem. O município informa que outros casos de covid-19 foram confirmados após uma busca ativa da Vigilância Sanitária em contatos próximos dela. Apesar disso, como essas pessoas não eram participantes do estudo, não é possível afirmar que também sejam infecções pela Delta.
Tanto no primeiro positivo registrado no Paraná quanto no caso de Goiás, os pacientes não eram considerados suspeitos de infecção pela variante e foram localizados de maneira aleatória por estudos locais de monitoramento genômico. Mas o diretor da Fiocruz São Paulo, Rodrigo Stabeli, também consultor da OMS para genômica, considera que o monitoramento ainda é “ruim”. “Espero que um dos legados dessa pandemia é reforçar a vigilância em saúde no Brasil, principalmente a epidemiológica, que antes era vista como uma ciência e não como um ato de saúde pública. É ela quem consegue prever e planejar as ações que vão dar conta de um surto.”
De acordo com o especialista, apesar de ser um dos líderes da prática na América Latina, o Brasil ainda está longe de outros lugares no que diz respeito a essa atividade. “Fazemos menos de 1% do que os Estados Unidos fazem, por exemplo.” Essa ausência de dados acarreta em lacunas de informação. “Nós podemos ter essa variante já circulando. Por isso, precisamos incentivar a vacinação e também o uso de máscaras. A máscara previne qualquer variante, seja Gama, Delta ou Alfa”, explica.
Ratreio
Na maior parte do Brasil, as ações para contenção e prevenção da covid-19 são universais para todas as variantes e abrangem estratégias de isolamento social, testagem, incentivo à vacinação e aos protocolos de proteção, como o uso de máscaras. Em alguns locais, porém, há também a realização de barreiras sanitárias, controladas, em sua maioria, por municípios e reforço nas ações de monitoramento genômico.
No Maranhão, por exemplo, as barreiras estão localizadas nas principais portas de entrada da capital São Luís e de Imperatriz, segunda maior cidade. Apesar do caso dos seis tripulantes estrangeiros contaminados com a nova cepa, o Estado não registra episódios locais confirmados da variante. Em razão da identificação da cepa e o risco iminente de transmissão local, o Ministério da Saúde antecipou o envio de 300 mil doses de vacina contra covid-19 para os municípios de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.
As barreiras sanitárias também estão presentes em Manaus, no Amazonas, e em alguns municípios do Espírito Santo. Além de cidades, principalmente fronteiriças, do Pará e de Roraima – que não apresentam casos da variante Delta.
Desde o início de junho, o Rio intensificou o monitoramento de passageiros originários da Índia que chegam aos Aeroportos Internacional Tom Jobim (Galeão) e Santos Dumont. Na cidade de São Paulo, a Secretaria Municipal de Saúde implementou barreiras em terminais rodoviários e no Aeroporto de Congonhas no fim de maio. Há triagem de passageiros sintomáticos, com quadro de síndrome gripal, para investigação clínica e laboratorial, e recomendações de isolamento para casos suspeitos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.