A visita do ex-presidente Jair Bolsonaro a João Pessoa, nesta reta final do segundo turno da eleição para prefeito, demonstra uma tentativa estratégica de impulsionar a candidatura de Marcelo Queiroga (PL), seu ex-ministro da Saúde. Queiroga, que está atrás do atual prefeito Cícero Lucena nas pesquisas, busca uma virada em um cenário em que os votos estão cada vez mais difíceis de conquistar. A presença de Bolsonaro visa fortalecer o apoio entre o eleitorado conservador e tentar transferir a sua popularidade em votos para Queiroga, uma cartada crucial para mudar o rumo da disputa.
Em João Pessoa, Bolsonaro tem uma base consolidada de apoiadores, evidenciada nos resultados das eleições presidenciais anteriores, onde teve uma boa votação. Contudo, o desafio de transferir essa popularidade pessoal para Queiroga se revela maior do que o esperado. Mesmo sendo ex-ministro da Saúde e uma figura próxima a Bolsonaro, Queiroga tem enfrentado dificuldades para se consolidar como o candidato preferido da direita local. A administração de Cícero Lucena, com ações em áreas sensíveis como saúde, educação e infraestrutura, tem garantido ao atual prefeito uma posição de vantagem no segundo turno.
A tentativa de Bolsonaro de impulsionar Queiroga coloca em evidência uma estratégia de reafirmação da lealdade entre o bolsonarismo e seus quadros. A capital paraibana, entretanto, tem suas especificidades políticas. Diferentemente de outras regiões, onde Bolsonaro conseguiu facilmente transferir votos para seus aliados, João Pessoa parece apresentar maior resistência, possivelmente devido ao perfil de Cícero, que é visto como uma figura moderada e com uma gestão avaliada positivamente por parte do eleitorado.
Apesar das dificuldades, a vinda de Bolsonaro pode representar um novo ânimo para a campanha de Queiroga, principalmente entre os eleitores indecisos e os mais fiéis ao ex-presidente. Com o aumento da polarização política e a busca por uma disputa acirrada até o último momento, a presença de Bolsonaro pode reconfigurar a reta final do segundo turno. Contudo, a verdadeira capacidade de sua popularidade influenciar o voto pessoense só será testada nas urnas, onde Queiroga precisará mais do que apenas o apoio de seu padrinho político para superar a liderança de Cícero Lucena.
Em suma, a presença de Bolsonaro em João Pessoa é um movimento calculado para tentar alavancar a candidatura de Queiroga, mas a eficácia dessa estratégia depende de vários fatores, incluindo a capacidade de Queiroga de conquistar novos eleitores e de Bolsonaro manter seu apelo entre o público local. O desfecho da eleição será um termômetro não só para a força do bolsonarismo na capital, mas também para o futuro político de ambos, Queiroga e Bolsonaro, no cenário pós-eleitoral.
Por: Napoleão Soares