O cenário político para o deputado federal Wellington Roberto, presidente do Partido Liberal (PL) na Paraíba, tornou-se cada vez mais desafiador. As recentes decisões da Executiva Nacional do PL, que anularam coligações em três cidades paraibanas – Bananeiras, Mamanguape e São José de Piranhas – evidenciam uma significativa perda de prestígio do parlamentar junto à cúpula nacional do partido. A decisão, assinada por Valdemar da Costa Neto, presidente da Executiva Nacional do PL, foi mais um golpe na liderança de Wellington Roberto no estado.
Essa anulação ocorreu devido à desobediência de uma resolução nacional do PL, que proíbe coligações com partidos de esquerda, como o PT e o PSOL. As alianças em questão, referendadas por Wellington Roberto, envolviam candidaturas apoiadas por essas siglas em três municípios paraibanos, o que gerou atrito dentro do partido. A reação rápida da Executiva Nacional aponta para uma postura mais rígida em relação às diretrizes internas, mas também revela uma fragilidade na condução política de Wellington Roberto.
A anulação dessas coligações não se trata apenas de uma questão eleitoral; é sintomática de uma crise de liderança e uma disputa de poder dentro do PL paraibano. O confronto entre Wellington Roberto e o deputado federal Cabo Gilberto Silva, também do PL, expôs divergências profundas sobre a condução partidária no estado. Enquanto Wellington Roberto vinha tentando compor alianças estratégicas com partidos de esquerda em nível local, Gilberto, alinhado à ala mais conservadora e fiel ao ex-presidente Jair Bolsonaro, denunciou as coligações como “vergonhosas” para os eleitores da direita.
A “quebra de braço” entre os dois deputados é notável e tem se intensificado. Wellington Roberto, que já havia perdido o controle da coordenação do partido na Região Metropolitana de João Pessoa para Cabo Gilberto, agora enfrenta um novo revés com a anulação das alianças em cidades importantes. A perda de espaço político também se estendeu a Campina Grande, onde o filho de Wellington, Bruno Roberto, foi destituído da presidência da sigla no município.
Esses eventos revelam que o desgaste de Wellington Roberto no comando do PL paraibano não é pontual, mas uma queda gradual de prestígio e poder dentro do partido. O enfraquecimento de sua liderança pode ser atribuído à dificuldade de equilibrar os interesses locais e nacionais do partido, em um momento de polarização política acentuada. A tentativa de aliança com partidos de esquerda em municípios menores, por exemplo, foi vista como um desvio das diretrizes nacionais e se chocou com a base bolsonarista do PL.
O mais preocupante para Wellington Roberto, no entanto, é a crescente influência de Cabo Gilberto Silva dentro do partido. Cabo Gilberto representa uma força emergente dentro do PL, alinhado com o bolsonarismo e com a Executiva Nacional, enquanto Wellington parece estar cada vez mais isolado. O episódio das coligações anuladas só reforça essa divisão interna e pode sinalizar um reposicionamento do partido na Paraíba, com Gilberto assumindo um papel ainda mais central na condução eleitoral.
A perda de prestígio de Wellington Roberto é um reflexo das mudanças no tabuleiro político. Seu enfraquecimento no PL paraibano sugere que o partido está buscando uma nova identidade local, mais alinhada à direita conservadora e menos disposta a concessões estratégicas. Para Wellington, o desafio agora é reconstruir sua base de apoio e, talvez, repensar sua atuação política para se adaptar a um cenário onde as regras do jogo mudaram.
Por: Napoleão Soares